Rodolfo Lucena
Se você veio faminto e sedento para este texto, atraído pela promessa do título, saiba desde já que foi enganado.
Só correr não emagrece nem dá direito a se empapuçar de gostosuras.
Claro que ajuda, e há muitas histórias sensacionais de gente que saiu da obesidade para as maratonas.
Mas também tem muita gente rodando quilômetros e mais quilômetros sem perder um maldito grama -é o caso deste que vos escreve.
A triste e dura realidade da vida é que nada (ou quase nada, vá lá) vem sem algum esforço. Emagrecer, então, é uma dificuldade no mundo sedentário de hoje, cercado de hambúrgueres e salgadinhos, chocolates cremosos, sorvetes, costelas gordas, picanhas cheirosas e pães esplendorosos.
Ouvimos promessas milagrosas de tudo quanto é tipo, e alguns de nós chegam a tentar experimentá-las.
Mas, ao fim e ao cabo, o que é preciso mesmo é fechar a boca, acertar a alimentação e fazer algum exercício.
A caminhada e a corrida logo aparecem como opções para quem quer experimentar as delícias e os prazeres da vida saudável ou precisa mudar de hábitos para conseguir continuar levando a vida na esbórnia.
Mas adivinhe o quê?
Correr e caminhar também não é coisa fácil para quem passa a vida sentado em frente ao computador ou deitado no sofá vendo TV.
Há que dar o primeiro passo, mas não dá para fazer como o sujeito que diz que parar de fumar é fácil -só ele já parou 17 vezes.
É preciso exigir sempre um pouquinho mais do corpo, do cérebro e da vontade, dando-lhes também a contrapartida de descanso e tempo de recuperação.
As recompensas chegam. Não com soar de clarins e rufar de tambores, mas devagar, simples e silenciosas. Um dia, você descobre a maravilha que é subir escadas sem bufar ou correr lado a lado com seu filho pequeno.
Você pode até entrar numa corrida e levar uma medalha para casa, conquista que só você saberá quão difícil e suada foi.
Dá até para emagrecer, pelo menos nos primeiros meses. Sua carga de exercícios vai do quase nada para o mais um pouco, e a balança se retrai.
Mas cuidado para não se fiar na capacidade milagrosa da corrida e cair na esbórnia confiando nos quilômetros no asfalto.
Eu sou rei em fazer isso e estou sempre correndo atrás da balança.
Afinal, emagrecer exige, como a corrida, constância, continuidade e compromisso.
RODOLFO LUCENA, 50, é editor de Informática da Folha, ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record) rodolfolucena@folha.uol.com.br
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