domingo, 18 de novembro de 2007

“FUI BUSCAR VIDA EM ALAGADOS”


“Se cair uma lágrima, não ligue. É que hoje é um dia muito importante para mim”. Dito e certo. Em menos de 20 minutos de conversa, os olhos de Eduardo Tavares, 22 anos, autor da exposição fotográfica Alagados-Salvador, em cartaz na galeria Pierre Verger, ficaram completamente mareados.
“No meu bairro, meus vizinhos só aparecem no jornal na página policial. Um chama o outro, todo mundo corre para ver. Agora levo outro exemplo”, comemora.
Nascido e criado no bairro dos Alagados, periferia de Salvador, conhecido pelas famosas e precárias palafitas, é o terceiro da série de quatro irmãos. Pai eletricista, mãe dona-de-casa. Eduardo sabe de perto o que é viver com a renda familiar escassa. “A vida nunca é fácil para quem vive na periferia. Menino vira bandido e menina fica grávida antes de virar mulher”, avalia.
Fora das estatísticas – A descoberta do talento de fotógrafo ocorreu“por acaso, graças ao apoio da namorada”, a coreógrafa Márcia Duarte, como gosta de ressaltar. Há pouco mais de três anos, Eduardo pretendia prestar vestibular para Educação Física e, para ajudar no orçamento familiar, dava aulas de frescobol no Porto da Barra. Até que conheceu um grupo de alemães que estava em Salvador para rodar um documentário na parte periférica da cidade. Eduardo seria o guia da turma.

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