segunda-feira, 13 de julho de 2009

Noites em claro




A insônia vai muito além do mal-estar de uma noite maldormida. Tratá-la é a chave para proporcionar melhor qualidade de vida


por Leticia Gonçalves


São muitos os estudos que comprovam os malefícios da falta de um sono saudável. Tamanha é a gravidade que alguns especialistas comparam os prejuízos desse transtorno a doenças mais sérias, como insuficiência cardíaca, diabetes, artrite e depressão. Para compreender melhor quais são os sintomas da insônia e como combatê-la, confira a entrevista a seguir, com o neurologista Flavio Alóe, um dos coordenadores do Centro de Estudos do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP).
Vida Natural – O que é insônia?

Flávio Alóe – É um problema caracterizado pela má qualidade do sono noturno. A pessoa pode apresentar dificuldades em adormecer, despertar precoce e sono insuficiente para restabelecer a energia necessária ao organismo. Para realmente ser um quadro de insônia, esses sintomas noturnos devem permanecer por, pelo menos, um mês. Além disso, devem ser constantes mesmo estando em condições adequadas de tempo e local para dormir.

VN – Há diferentes tipos?

FA – Em termos médicos, há três classificações. A insônia aguda é aquela que ocorre algumas vezes durante a vida e dura apenas alguns dias. Geralmente, é causada por uma situação que cause estresse ou alguma alteração na rotina, como viagem, festa noturna, entre outros. A insônia crônica, mais séria, é quando a pessoa apresenta sintomas noturnos (citados acima) por um período maior. A última, mais grave que a anterior, é o transtorno de insônia crônica, que apresenta sinais diurnos, além dos noturnos, e faz com que a pessoa fique doente com maior rapidez.

VN – Quais são os sintomas diurnos?

FA – Fadiga; déficit de atenção, concentração ou memória; problemas no desempenho social, profissional ou acadêmico; irritabilidade; sonolência diurna; falta de energia e motivação; propensão a erros, acidentes no trabalho ou no trânsito; cefaleias (dores violentas de cabeça), tensão, sintomas gastrointestinais e preocupações com o sono durante o dia.

VN – O que pode provocar esse problema?

FA – Além de alterações na rotina já citadas, é comum que maus hábitos mantidos durante o dia e, principalmente, antes de dormir contribuam para o desenvolvimento do problema (ver box na pág. 54). Também é possível a associação da insônia com algumas doenças e transtornos mentais, que limitam e atrapalham o equilíbrio do organismo, como doenças respiratórias, cardíacas, reumáticas com dor, entre outras.

VN – A insônia causa depressão e ansiedade ou é o contrário?

FA – Os dois casos. A ansiedade e a insônia surgem praticamente ao mesmo tempo. Na maioria das vezes, são provocadas por alguma situação do cotidiano, como ter um motivo de estresse ou ficar sobre pressão por muito tempo. Para a depressão, a insônia pode vir antes, continuar durante e, até mesmo, permanecer depois. Por isso a necessidade de tratá-la. O indivíduo que tem insônia hoje pode ser um depressivo amanhã, caso não seja feito um tratamento adequado. Cerca de 90% dos casos de depressão apresentam relação com esse distúrbio do sono.


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