quinta-feira, 16 de julho de 2009

Calor humano

Ele é um remédio poderoso em qualquer tratamento. Por sorte, muitos hospitais já aderiram à humanização hospitalar, que torna mais leve e afetuoso o atendimento médico

Por Patrícia Affonso


A ideia de visitar o hospital não costuma ser das mais agradáveis. As justificativas para essa antipatia? Muitas, mas, talvez, a sensação de abandono seja a pior delas. Ninguém gosta de se sentir só, ainda mais quando está doente. A fragilidade da saúde pede, principalmente, atenção e carinho e é justamente por isso que cada vez mais instituições de saúde levantam a bandeira da humanização hospitalar, prática que visa, sobretudo, ao respeito e à valorização do paciente.
"Humanizar o atendimento é olhar para aquele que está hospitalizado como alguém que precisa de cuidados e não apenas como um número ou uma doença", pondera Valdir Cimino, diretor fundador da Associação Viva e Deixe Viver, grupo de contadores de histórias que atua em 74 hospitais, em nove Estados brasileiros. Por trás de um pé machucado, há um ser humano inseguro, uma família preocupada e tudo isso requer zelo.
Cultura do aconchegoAntes do século 18, os hospitais eram utilizados basicamente por pessoas de baixa renda, já que as famílias ricas levavam os cuidados médicos para suas casas. Como a medicina ainda era precária, a questão do cuidado e do afeto era mais forte do que a própria busca pela cura. Muita gente procurava nas clínicas um respaldo material, emocional e até mesmo espiritual.
Mas nos últimos tempos, a ciência vivenciou um aprimoramento constante. Surgiram melhores técnicas e aparelhos de diagnóstico e tratamento. A cura passou a ser uma possibilidade mais palpável, em diversos casos. O uso da tecnologia e do conhecimento científico foi adotado como verdade única, a desprezo de tudo o que escapava da lógica, como o quadro psicológico, por exemplo. "A rapidez com que as coisas acontecem, o consumismo e a busca por resultados tornaram a vida das pessoas muito mecânica, sem envolvimento", comenta Viviane Nascimento, gerente de responsabilidade socioambiental do Hospital Nossa Senhora de Lourdes e do Hospital da Criança, ambos de São Paulo. E isso é ruim, especialmente na saúde, quando se depende do outro para se sentir melhor.


Os cinco mandamentos da humanização hospitalar

Confira algumas das medidas mais importantes no exercício desse conceito tão reconfortante
1. Promover o alívio: o profissional deve estar atento e disposto a atender as queixas do paciente, sejam elas físicas ou emocionais. Essa é uma lição de sensibilidade e, por que não dizer, solidariedade.
2. Respeitar o modo de vida do indivíduo: já está na hora de os médicos adequarem os tratamentos à realidade do paciente e não o contrário. Com jeitinho é possível causar menos impacto na rotina de quem está hospitalizado.
3. Praticar o bom-senso: alguns procedimentos são desagradáveis e invasivos. Por isso, só devem ser utilizados quando forem essenciais para o tratamento.
4. Não economizar nas informações: a equipe do hospital deve estar sempre à disposição dos pacientes e seus familiares, para eventuais esclarecimentos. A falta de conhecimento pode levá-los a fantasiar para pior o problema, causando sofrimento desnecessário.
5. Capacitar continuamente a equipe: as instituições devem preparar seus funcionários e colaboradores, para que eles possam atender às necessidades gerais do paciente. É preciso prontidão e boa vontade para derrubar a ideia de que cada um só pode ajudar no que diz respeito à sua especialidade. Às vezes, a atenção basta

Fonte - Site Vida Natural

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