domingo, 20 de julho de 2008

O que Dercy Gonçalves viu nascer

Ruy Castro

Quando ela nasceu, Machado de Assis estava vivo e ativo. E Olavo Bilac, João do Rio e Lima Barreto. O samba ainda não existia, assim como a marchinha de Carnaval e o jazz.

A televisão, nem em sonho, nem mesmo o rádio - o cinema, sim, mas Hollywood, não. E Mario Reis (1907), Carmen Miranda (1909) e Noel Rosa (1910) também ainda não eram nascidos. Pode crer.

Para não ir longe: Dercy nasceu um ano antes que Santos Dumont voasse em Paris com o 14-Bis. O austro-húngaro Franz Lehar levaria dois anos para compor A Viúva Alegre. Automóveis, gramofones e máquinas de escrever eram novidade e as mulheres ainda se espremiam em espartilhos.

Tico-Tico, a revista, acabara de surgir - Eu Sei Tudo, Fon-Fon e Kósmos, ainda não.
Dercy nasceu muito antes da Primeira Guerra (1914-18), da Revolução Russa (1917) e da Gripe Espanhola (1918). Aliás, quando tudo isso aconteceu, ela já tinha idade para ler a respeito nos jornais.

E, mais que adulta, foi contemporânea do massacre dos 18 do Forte de Copacabana (1922), da morte de Rodolfo Valentino (1926), do surgimento do cinema falado (1927), da inauguração do Cristo no Corcovado (1931).

Trechos de uma crônica de Ruy Castro escrita em junho de 2.007, sob o título "Sábia Dercy".

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