quarta-feira, 2 de março de 2011

Casos de derrame cerebral aumentam entre os jovens

Internações de homens com até 34 anos cresceram 51% em 13 anos, nos EUA

No Brasil, números também saltaram; mais novos têm estilo de vida parecido com o dos idosos, dizem médicos

GUILHERME GENESTRETIDE - FOLHA DE SÃO PAULO

Casos de derrame aumentam entre os jovens, mostra levantamento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, ligados ao Departamento de Saúde dos EUA.Em pouco mais de uma década, houve crescimento de 51% nas internações por acidente vascular cerebral isquêmico entre homens de 15 a 34 anos. Nas mulheres dessa faixa, a alta foi de 17%.Os pesquisadores acessaram dados sobre a internação de pacientes em cerca de mil hospitais americanos entre os anos de 1994 e 2007.No Brasil, as doenças cerebrovasculares também tiveram aumento expressivo entre os jovens, segundo números do Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde.Entre 1998 e 2007, houve crescimento de 64% nas internações por AVC entre homens, e de 41% entre mulheres na faixa de 15 a 34 anos.O AVC isquêmico representa cerca de 90% dos casos e é causado pela obstrução das artérias cerebrais.Se não for contida a tempo, a doença pode lesionar áreas do cérebro e causar sequelas nos movimentos e em funções como a fala.Só em 2007 houve um total de 7.599 internações por doenças cerebrovasculares no Brasil, nessa faixa etária.Para a neurologista Sheila Martins, presidente da ONG Rede Brasil AVC, o aumento maior dos casos entre os brasileiros deve-se ao menor controle dos fatores de risco.MAIS SALHipertensão, diabetes e colesterol alto são fatores de risco de derrame."O AVC isquêmico é comum em idades mais avançadas, mas o jovem passa a ter os mesmos riscos se é mais sedentário e obeso", diz o neurologista Luiz Alberto Bacheschi, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo."Pensam que é doença de velho, mas cada vez mais jovens chegam aos hospitais com perda de força nos membros, tonturas, sinais que antes só víamos entre pessoas de mais idade", diz Martins.O jovem, segundo ela, está ingerindo mais sal, bebendo mais álcool e comendo mal.O uso de álcool e drogas pode causar lesões arteriais, tornando o adolescente e o jovem predispostos ao problema, diz Bacheschi.O neurologista Santino Lacanna, da Unifesp, não descarta a possibilidade de que nos últimos anos os diagnósticos tenham ficado mais precisos, o que pode explicar parte do aumento dos casos.Mas acrescenta que fatores como o estresse também podem ser uma hipótese válida."Com a competitividade, não dá para jogar o estresse pela janela, mas dá para controlar a alimentação e praticar exercícios físicos."SINAISDor de cabeça, dificuldade para falar ou enxergar e dormência nos membros são sinais. "As pessoas não sabem reconhecê-los e demoram a chegar aos hospitais", diz Sheila Martins.Para Bacheschi, "faltam campanhas mostrando que o jovem está levando uma vida comparável à de um idoso".

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