domingo, 8 de fevereiro de 2009

O ano de Darwin




Já se foram 150 anos desde que Charles Darwin revolucionou o mundo da ciência e escreveu sua principal obra: A origem das espécies. O bicentenário do naturalista também é comemorado neste ano. Conhecido como cientista atormentado, ele teve uma vida fascinante. E, ao escrever a sua história, mudou a história de toda a humanidade

Yanna Guimarães - Jornal O POVO, Fortaleza/Ce


Até hoje, 200 anos após o seu nascimento, Charles Darwin causa polêmica. Ao mesmo tempo, é adorado por muitos. O ano de 2009 será comemorado como o ano dele. São exposições, palestras e eventos em todo o mundo para lembrar o bicentenário de seu nascimento, assim como os 150 anos de publicação de sua obra fundamental: A origem das espécies. Com ela, Darwin mudou o curso da história da ciência ao afirmar que, por meio da seleção natural, os seres vivos teriam evoluído a partir de um ancestral comum. A Teoria da Evolução pressupõe que as espécies foram se aperfeiçoando ao longo de bilhões de anos.

Filho de pais religiosos, ele dividiu seus estudos entre a Medicina e a Teologia. Mas sua paixão era mesmo a natureza. Colecionava insetos desde a infância. Aos 20 anos, aproveitou a oportunidade de viajar ao redor do mundo no navio Beagle e coletou diversas espécies de animais. “Foram quatro anos e nove meses de expedição. Ele saiu coletando plantas e animais de diferentes espécies e tentou fazer uma comparação, um estudo entre eles. Ele tinha uma compreensão muito grande de geologia”, relata o sociólogo, filósofo, historiador e doutor em Sociologia, Rosendo Amorim , professor da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Por meio da sua capacidade de observação, Darwin percebeu que havia mudanças entre animais da mesma espécie em lugares diferentes. Quando esteve nas Ilhas Galápagos, no Equador, observou a diferença entre os bicos de pássaros da mesma espécie que habitavam em ilhas diferentes. “Ele chegou à conclusão que determinados usos que o animal faz de determinadas partes do corpo podem alterar características na espécie”, explica Ricardo Marques, biólogo, mestre em Ciência e membro da American Society for Biochemistry and Molecular Biology.

Se um pássaro vive em uma ilha que só tem grãos, os pássaros com bico mais resistentes vão permanecer. Os outros, acabam morrendo. “É uma seleção natural. Quem selecionou? A natureza, de maneira casual. Apareceu aquele bico diferente e por acaso deu certo. Mais do que aquele que existia antes”, completa. Essa parte da Teoria da Evolução, chamada de microevolução, não gera discussão científica, conforme o biólogo. “Está comprovado”. O problema, segundo ele, é que Darwin acabou estendendo a teoria para a macroevolução, que diz que as espécies todas evoluíram de um mesmo ancestral. Isso acabaria com a idéia de que o mundo teria surgido a partir da criação de Deus.


Criacionismo

De acordo com Rosendo Amorim, naquela época, começou a cisma entre religião e ciência. “O criacionismo era praticamente um dogma, ninguém tinha coragem de afrontá-lo”. Essa é uma das causas da longa espera de Darwin para publicar sua teoria. “Foram mais de 20 anos. Ele ficou refletindo, se contra-argumentando, aprimorando seus escritos. Isso deu mais consistência ao seu trabalho. A prova é que está aí até hoje”. A polêmica que surgiu a partir de sua obra também permanece. E foi vivida, inclusive, por seu criador. “Como vinha de uma família religiosa e acreditava em Deus, o conflito entre a fé e a ciência deixou Darwin dividido a vida toda”, conclui.

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