quinta-feira, 4 de outubro de 2007

São Francisco - A riqueza de um pobre


O livro “I Fioretti” foi escrito – em italiano – poucos anos após a morte de São Francisco. É uma antologia de casos simples e piedosos, que numa linguagem da época (século 13), que deixa no leitor uma impressão de arcaísmo e simplicidade, mostram as virtudes do santo de Assis. Os que traduziram I Fioretti para as outras línguas preferiram considerar o título como intraduzível (significaria “Florzinhas”) e manter o título original, como foi feito no Brasil pela Editora Vozes.

Vai este texto de I Frioretti como homenagem ao dia de Nosso Pai São Francisco (4 de outubro).

19. A Riqueza de um Pobre

Como S. Francisco e frei Masseo puseram so­bre uma pedra
o pão que ha­viam mendigado.

O MARAVILHOSO servo e seguidor de Cristo, monsior S. Francisco, para se conformar perfeitamente com Cristo em todas as coisas, o qual, segundo o que diz o Evangelho, man­dou os discípulos dois a dois a todas aquelas cidades e regiões aonde devia ir; depois que, a exemplo de Cristo, reunira doze companheiros, os enviou pelo mundo a pregar dois a dois. E, para lhes dar o exemplo de verdadeira obediência, começou ele primeiramente a ir a exemplo de Cristo, o qual começou primei­ramente a fazer do que a ensinar.

Pelo que, tendo designado aos companheiros as outras partes do mundo, ele, tomando frei Masseo por seu companheiro, seguiu para a província da Fran­ça. E chegando um dia, com muita fome, a uma cidade, anda­ram, segundo a regra, mendigando pão pelo amor de Deus; e S. Francisco foi por uma parte e frei Masseo por outra.

Mas, por ser S. Francisco um homem muito desprezível e pequeno de corpo e por isso reputado um vil pobrezinho por quem não o conhecia, só recolheu algumas côdeas e pedacinhos de pão seco. Mas a frei Masseo, pelo fato de ser um homem alto e cheio de corpo, deram muitos e bons pedaços grandes e pães inteiros.

Acabada a mendigação, reuniram-se fora da cidade para comer em um lugar onde havia uma bela fonte e junto uma bela pedra larga, sobre a qual cada um colocou as es­molas recebidas. E, vendo S. Francisco que os pedaços de frei Masseo eram em maior número e mais belos e maiores que os dele, mostrou grande alegria e disse assim: O' frei Masseo, não somos dignos deste grande tesouro.

E repetindo estas palavras várias vezes, respondeu-lhe frei Masseo: Pai, como se pode chamar tesouro, onde há tanta pobreza e falta de coisas que necessitamos? Aqui não há toalha, nem faca, nem garfo, nem prato, nem casa, nem mesa, nem criada, nem criado.

Então dis­se S. Francisco: Isto é o que considero grande tesouro, porque não há coisa nenhuma feita pela indústria humana; mas o que aqui existe é feito pela Providência divina, como se vê manifes­tamente pelo pão mendigado, pela mesa de pedra tão bela e pela fonte tão clara: por isso quero que peçamos a Deus que o tesouro da santa pobreza tão nobre, o qual tem Deus para servir, seja amado de todo o coração.

E ditas estas palavras e rezada a oração e tomada a refeição corporal com aqueles pe­daços de pão e aquela água, levantaram-se para ir à França.

Texto de I FIORETTI,

tradução de Durval de Moraes

Enviado por Carlos Almeida Pereira, Campina Grande/Pb

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