quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ainda sobre o aniversário da SAC

Antes, um aviso:

Preciso acomodar melhor minha rotina e assim comunico a todos que minha presença no Blog não terá mais, pelo menos por um tempo, a frequência constante de antes.

Voltarei a essas páginas somente em momentos eventuais quando algum fato assim o exigir. Josélia e a SAC, é claro, são sempre bons motivos para eu estar aqui.


Agora, leiam a troca de e-mails entre mim e a Josélia. Acho que ela exagerou um pouco comigo, mas fiquei envaidecido.

Em seguida leiam o belo texto "Quindins da Portaria" a que ela se refere.







Obrigada, meu Presidente!


Voce sempre encontra uma maneira delicada e elegante de estar ou de se fazer presente nos eventos de nossa família.
Saber se fazer presente, é um dom de poucos e voce é um desses poucos.
Procure na internet "Quindins na portaria" e entenda porque eu encontrei nessa crônica da Martha Medeiros, esse meu querido primo Sérgio que sabe como ninguem, estar junto ...
Um grande abraço.
Josélia


Eis a minha resposta:


Minha cara e admirada prima Josélia,

Poucas postagens fiz em nosso Blog com tanta satisfação como essa a que você se refere em seu amável e-mail, sobre a festa de aniversário da SAC, postada no último domingo.

Mas mesmo tendo me esforçado, não consegui expressar a metade da metade da metade do que a equipe da SAC, você e Waldo, este in memorian, merecem. Pelo menos tentei.

Falando-se em motivação de equipe, pelo que tenho testemunhado, a SAC é um case a ser estudado e explorado pelos estudiosos em gestão de recursos humanos nas empresas e organizações em geral.

É bom saber que o público alvo da SAC, no caso os deficientes visuais do meu querido estado do Ceará, têm uma equipe tão lúcida e motivada para lhes servir.

Desejo-lhe mais e mais sucesso na honrosa missão que você vem exercendo com tamanho brilhatismo e parabéns à dedicada e valorosa equipe da Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC.

Abraços,

Sérgio Almeida
QUINDINS NA PORTARIA

Martha Medeiros

Estava lendo o novo livro do Paulo Hecker Filho, Fidelidades, onde, numa de suas prosas poéticas, ele conta que, antigamente, deixava bilhetes, livros e quindins na portaria do prédio de Mário Quintana: "Para estar ao lado sem pesar com a presença". Há outras histórias e poemas interessantes no livro, mas me detive nesta frase porque não pesar aos outros com nossa presença é um raro estalo de sensibilidade.
Para a maioria das pessoas, isso que chamo de um raro estalo de sensibilidade tem outro nome: frescura.
Afinal, todo mundo gosta de carinho, todo mundo quer ser visitado, ninguém pesa com sua presença num mundo já tão individualista e solitário.Ah, pesa. Até mesmo uma relação íntima exige certos cuidados.
Eu bato na porta antes de entrar no quarto das minhas filhas e na de meu próprio quarto, se sei que está ocupado.
Eu pergunto para minha mãe se ela está livre antes de prosseguir com uma conversa por telefone.Eu não faço visitas inesperadas a ninguém, a não ser em caso de urgência, mas até minhas urgências tive a sorte de que fossem delicadas.
Pessoas não ficam sentadas em seus sofás aguardando a chegada do Messias, o que dirá a do vizinho.
Pessoas estão jantando.
Pessoas estão preocupadas.
Pessoas estão com o seu blusão preferido, aquele meio sujo e rasgado, que elas só usam quando ninguém está vendo.
Pessoas estão chorando.
Pessoas estão assistindo a seu programa de tevê favorito.
Pessoas estão se amando.
Avise que está a caminho.
Frescura, jura?
Então tá, frescura, que seja.
Adoro e-mails justamente porque são sempre bem-vindos, e posso retribuí-los, sabendo que nada interromperei do lado de lá.
Sem falar que encurtam o caminho para a intimidade.
Dizemos pelo computador coisas que, face a face, seriam mais trabalhosas.
Por não ser ao vivo, perde o caráter afetivo?
Nem se discute que o encontro é sagrado.
Mas é possível estar ao lado de quem a gente gosta por outros meios.
Quando leio um livro indicado por uma amiga, fico mais próxima dela.
Quando mando flores, vou junto com o cartão.
Já visitei um pequeno lugarejo só para sentir o impacto que uma pessoa querida havia sentido, anos antes.
Também é estar junto.
Sendo assim, bilhetes, e-mails, livros e quindins na portaria não é distância: é só um outro tipo de abraço.

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