Por Reinaldo Polito
Há pouco tempo recebi e-mail de um leitor me agradecendo por causa de um texto que publiquei na Tribuna, que o ajudou a resolver algumas diferenças que ele tinha com seu filho. Fiquei feliz.
Esta semana recebi e-mail de uma leitora dizendo que detestava meus textos. Mas, por mais que tentasse, não conseguia deixar de ler o que escrevo. Fiquei feliz.
Eu ficaria triste e me sentiria infeliz se as pessoas não reagissem diante do que escrevo, pois não estariam sendo tocadas pelas minhas idéias e reflexões.
Parodiando Nelson Rodrigues, querer unanimidade na opinião dos leitores é desejar o aplauso da burrice. Quem se dispõe a escrever deve ter em mente que as pessoas são diferentes, pensam de maneira diversa, reagem de forma distinta umas das outras. Por exemplo, a leitora que se deu ao trabalho de me escrever apenas para demonstrar seu desagrado, não só foi tocada pelas minhas opiniões, mas não se conteve e reagiu a elas. Conforme eu lhe disse em uma correspondência pessoal, se os meus artigos servirem para que possa dizer no final da última linha: "ainda bem que não sou como esse cara! Ai, meu Deus, que bom que sou diferente!", pronto, missão cumprida, pois ela passou a se conhecer um pouco melhor.
Um dia eu estava desenxabido, acabrunhado, entristecido. Fazia dois dias que o meu artigo havia sido publicado na AOL e nenhum leitor se dignara a entrar no fórum para fazer um comentário. Em quase três anos era a primeira vez que este fato ocorria. Inconformado por tanta "desconsideração", perguntei o que estava acontecendo. Senti um imenso alívio ao ser informado que momentaneamente o fórum estava fora do ar. Desde o princípio, assim que a minha matéria era colocada no ar pipocavam comentários de todos os cantos do país. As pessoas tinham liberdade para dizer o que quisessem, pois o fórum era totalmente aberto. Nem sempre os comentários eram favoráveis. Especialmente quando eu resvalava na política, não dava outra, podia esperar chumbo grosso dos leitores. O curioso é que as pessoas reagiam de maneira distinta ao comentar até o mesmo texto. Lembro-me de quando falei sobre a saída do Zé Dirceu do governo Lula. Várias pessoas escreveram para me criticar pelo fato de eu ter feito elogios a ele. Outras tantas escreveram para me criticar pelo fato de eu ter falado mal dele. Na verdade não falei nem bem nem mal. Durma-se com um barulho desses!
Essa experiência me ajudou a compreender melhor a teoria da recepção. Os primeiros estudos dessa teoria centraram o enfoque no emissor, depois no contexto, até posteriormente ser considerada a participação do receptor na formação da mensagem, que é a conceito aceito nos dias de hoje.
A partir do ensinamento dessa teoria é possível deduzir que quem escreve se expõe, e a partir do momento que o texto foi publicado já não pertence a quem o escreveu, pois em contato com o leitor se transforma e produz uma nova mensagem. A minha experiência, os meus medos, as minhas aspirações, enfim, a minha estrutura de vida se encontra com a estrutura de vida do leitor, totalmente distinta da minha. Do encontro dessas duas experiências nasce um novo texto que já não é mais aquele que concebi. Ou seja, não é o que escrevi, nem o que o leitor leu, mas sim o que resultou da associação dessas duas experiências.
Por isso, espero que você goste do que escrevo. Mas, se não gostar, torço para que todos os domingos continue agindo como agora, leia os meus textos. Em qualquer hipótese ficarei feliz.
Há pouco tempo recebi e-mail de um leitor me agradecendo por causa de um texto que publiquei na Tribuna, que o ajudou a resolver algumas diferenças que ele tinha com seu filho. Fiquei feliz.
Esta semana recebi e-mail de uma leitora dizendo que detestava meus textos. Mas, por mais que tentasse, não conseguia deixar de ler o que escrevo. Fiquei feliz.
Eu ficaria triste e me sentiria infeliz se as pessoas não reagissem diante do que escrevo, pois não estariam sendo tocadas pelas minhas idéias e reflexões.
Parodiando Nelson Rodrigues, querer unanimidade na opinião dos leitores é desejar o aplauso da burrice. Quem se dispõe a escrever deve ter em mente que as pessoas são diferentes, pensam de maneira diversa, reagem de forma distinta umas das outras. Por exemplo, a leitora que se deu ao trabalho de me escrever apenas para demonstrar seu desagrado, não só foi tocada pelas minhas opiniões, mas não se conteve e reagiu a elas. Conforme eu lhe disse em uma correspondência pessoal, se os meus artigos servirem para que possa dizer no final da última linha: "ainda bem que não sou como esse cara! Ai, meu Deus, que bom que sou diferente!", pronto, missão cumprida, pois ela passou a se conhecer um pouco melhor.
Um dia eu estava desenxabido, acabrunhado, entristecido. Fazia dois dias que o meu artigo havia sido publicado na AOL e nenhum leitor se dignara a entrar no fórum para fazer um comentário. Em quase três anos era a primeira vez que este fato ocorria. Inconformado por tanta "desconsideração", perguntei o que estava acontecendo. Senti um imenso alívio ao ser informado que momentaneamente o fórum estava fora do ar. Desde o princípio, assim que a minha matéria era colocada no ar pipocavam comentários de todos os cantos do país. As pessoas tinham liberdade para dizer o que quisessem, pois o fórum era totalmente aberto. Nem sempre os comentários eram favoráveis. Especialmente quando eu resvalava na política, não dava outra, podia esperar chumbo grosso dos leitores. O curioso é que as pessoas reagiam de maneira distinta ao comentar até o mesmo texto. Lembro-me de quando falei sobre a saída do Zé Dirceu do governo Lula. Várias pessoas escreveram para me criticar pelo fato de eu ter feito elogios a ele. Outras tantas escreveram para me criticar pelo fato de eu ter falado mal dele. Na verdade não falei nem bem nem mal. Durma-se com um barulho desses!
Essa experiência me ajudou a compreender melhor a teoria da recepção. Os primeiros estudos dessa teoria centraram o enfoque no emissor, depois no contexto, até posteriormente ser considerada a participação do receptor na formação da mensagem, que é a conceito aceito nos dias de hoje.
A partir do ensinamento dessa teoria é possível deduzir que quem escreve se expõe, e a partir do momento que o texto foi publicado já não pertence a quem o escreveu, pois em contato com o leitor se transforma e produz uma nova mensagem. A minha experiência, os meus medos, as minhas aspirações, enfim, a minha estrutura de vida se encontra com a estrutura de vida do leitor, totalmente distinta da minha. Do encontro dessas duas experiências nasce um novo texto que já não é mais aquele que concebi. Ou seja, não é o que escrevi, nem o que o leitor leu, mas sim o que resultou da associação dessas duas experiências.
Por isso, espero que você goste do que escrevo. Mas, se não gostar, torço para que todos os domingos continue agindo como agora, leia os meus textos. Em qualquer hipótese ficarei feliz.
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