segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Papo furado


Escolha bem as palavras, porque "alugar" o ouvido dos outros é falta de educação


"Como vai?" ou ainda "Está tudo bem?". Assim como eu, sei que você conhece bem essas expressões, usadas por muita gente como cumprimento diário ou num reencontro com alguém conhecido. O perigo é que algumas pessoas levam essas perguntas ao pé da letra e respondem desfiando um rosário de reclamações sobre a vida. São tantas lamentações que acabam por deprimir o mais otimista dos seres humanos. A pessoa que fez a pergunta, coitada, se arrepende amargamente e jura nunca mais repetir a dose. Acredite: nada pior do que cair nessa armadilha - principalmente quando você está com uma pressa daquelas e não tem absolutamente nenhuma intimidade com a pessoa que está lhe fazendo de analista.


Quando alguém lhe fizer essas perguntas e, principalmente, se isso ocorrer em seu ambiente de trabalho, seja elegante e responda sempre que tudo vai muito bem, obrigado. Deixe para abrir seu coração aos que, de fato, moram nele: amigos, parentes e colegas de trabalho com os quais você se identifica. E assim mesmo escolha hora e lugar para fazer seu desabafo. Antes de começar, certifique-se de que o ouvinte está realmente disponível. A mesma regra vale para conversas telefônicas. "Alugar" o ouvido dos outros é uma tremenda falta de educação.


Aliás, outro exemplo típico de "aluguel auricular" é o daquelas pessoas que vivem pedindo favores. Acham que dando mil voltas disfarçam o fato de ser interesseiras. Que feio! Primeiro porque é péssimo ficar pedindo favores o tempo todo, sem nenhum critério. Segundo, porque não há necessidade de enrolar. Se você não é um pedinte contumaz, vá direto ao assunto. Assim, os dois lados economizam tempo.


Não seja egocêntrico imaginando que somente você é ocupado, tem problemas, precisa das coisas e trabalha demais - isso é a vida, amigo. Pessoas extrovertidas e comunicativas usualmente falam muito. Já as inconvenientes falam demais... E quem fala demais acaba falando o que não deve - conta sua última doença para alguém que não tem nada a ver com a história; acaba, por falta de assunto, comentando coisas inadequadas (ou, pior, pouco éticas) no ambiente de trabalho; enfim, sempre termina fazendo uma fofoca. Então, vigie-se fique atento. Comunique-se, sim, é claro - mais do que nunca, hoje, quem não se comunica se trumbica. Mas faça-o da forma certa. Jamais caia na tentação de passar adiante algo que lhe tenha sido contado e que lhe pareça pessoal ou confidencial, e também não queira saber além do limite permitido sobre as particularidades da vida dos outros.


Fonte: Exame Você S/A - 30 Lições de Etiquetas - Por Célia Leão

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