quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Seres humanos sentem-se mais infelizes na meia idade, afirma estudo


Agência EFE


Sempre se falou da crise da meia idade, mas agora um estudo demonstrou cientificamente, com dados de dois milhões de pessoas de 80 países, que os seres humanos se sentem mais infelizes nessa fase da vida.

A pesquisa, que será publicada na próxima edição da revista "Social Science & Medicine", revela como os níveis de felicidade e infelicidade seguem um ritmo constante em países do mundo todo, segundo o qual os seres humanos sentem maior felicidade no princípio e no final da vida.

O que significaria que os anos intermediários são os mais tristes, segundo o estudo desenvolvido pela britânica Universidade de Warwick e pelo Dartmouth College dos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, essa tendência se repete em 72 países, dentre os quais Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Espanha, Equador, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana e Uruguai.O efeito também pôde ser observado em países em situações tão diferentes como Finlândia, Iraque, Japão e Tanzânia.

Os autores do estudo, os economistas Andrew Oswald e David Blanchflower, acreditam que essa variação de ritmo no nível de felicidade procede de algo que ocorre no interior dos seres humanos, e não tem a ver com o tipo de vida que se leve, nem com o tipo de pessoa que se seja."Ocorre com mulheres e homens, solteiros e casados, ricos e pobres, com filhos e sem. Ninguém sabe o motivo", disse Oswald, em comunicado divulgado pela Universidade de Warwick.Através de uma amostragem realizada entre um milhão de pessoas do Reino Unido, os pesquisadores descobriram que, tanto para homens quanto para mulheres, a probabilidade de sofrer uma depressão, nesse país, atinge seu pico próximo aos 44 anos.

Nos EUA, entretanto, foi detectada uma diferença significativa por gênero: nos homens, a infelicidade atinge seu ponto máximo aos 50 anos, enquanto nas mulheres chega perto dos 40 anos.

"O que causa essa curva em forma de U, e sua configuração similar em diferentes partes do mundo desenvolvido e, em algumas ocasiões, em desenvolvimento, é desconhecida. No entanto, uma possibilidade é de que as pessoas aprendem a se adaptar a suas forças e fraquezas, e por volta da metade de sua vida superam os sonhos irrealizáveis", disse Oswald.

Para o catedrático da Universidade de Warwick, outra possibilidade é a de que as pessoas alegres "vivem sistematicamente mais tempo".

A terceira explicação do fenômeno seria a de que os seres humanos, ao passarem pela morte de outras pessoas de sua idade, avaliam os anos que ainda lhes restam.Os pesquisadores detectaram que a mudança rumo à felicidade acontece lentamente, não de um ano para outro, e que a maioria das pessoas só supera os piores momentos quando chega aos 50 anos.

"Quando se chega aos 70, se você está em forma, sente-se tão feliz e mentalmente saudável quanto aos 20 anos. Talvez perceber que esses sentimentos são completamente normais na meia idade poderia ajudar as pessoas a passar por essa fase melhor", disse o pesquisador.

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