sábado, 19 de junho de 2010

"Mundo fica mais burro e cego com a morte de Saramago"




Única pessoa cujo idioma nativo é o portugês a ganhar um Prêmio Nobel , o de Literatura, morreu nesta sexta-feira (18) o escritor português José Saramago, aos 87 anos, na cidade de Tías, Lanzarote, Espanha, onde morava desde 1993.

José Saramago havia tido uma noite tranquila e a morte ocorreu por volta das 8h desta sexta-feira, após tomar seu café da manhã ao lado da mulher, a tradutora Pilar del Río. Eles estavam conversando quando o escritor começou a sentir-se mal e logo depois faleceu. Nos últimos anos, ele foi hospitalizado em várias oportunidades, principalmente devido a problemas respiratórios.

Dos livros que li de Saramago o que mais me atraiu foi o "Intermitências da morte", o qual me fez entender a morte como um fato essencial à própria vida.

Intermitëncias da Morte - Descrição extraída do site Terra:

"Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto", escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura.
Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. E foi nela que o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel da Literatura buscou o material para seu novo romance, As intermitências da morte. Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema.
Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder "passar desta para melhor". Os empresários do serviço funerário se vêem "brutalmente desprovidos da sua matéria-prima". Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não pára de aumentar. O negócio das companhias de seguros entra em crise. O primeiro-ministro não sabe o que fazer, enquanto o cardeal se desconsola, porque "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja". Um por um, ficam expostos os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos. Mas, na sua intermitência, a morte pode a qualquer momento retomar os afazeres de sempre. Então, o que vai ser da nação já habituada ao caos da vida eterna?
Ao fim e ao cabo, a própria morte é o personagem principal desta "ainda que certa, inverídica história sobre as intermitências da morte". É o que basta para o autor, misturando o bom humor e a amargura, tratar da vida e da condição humana.
Saramago aderiu à Campanha de Florestas, do Greenpeace, e Intermitências da morte será impresso em papel certificado pelo FSC (sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal).

Perguntado certa vez se tinha medo da morte, Saramago respondeu que se tivesse não falaria tanto dela.


A frase título desta postagem é de Fernando Meirelles, cineasta brasileiro que filmou uma outra imporante obra de Saramago, "Ensaio sobre a Cegueira".




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