quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Trabalhar mais de 40 horas por semana faz mal à saúde, diz estudo


Anelise Infante
De Madri para a BBC Brasil

Uma pesquisa do governo de Barcelona concluiu que uma jornada de trabalho de mais de 40 horas semanais causa danos físicos e emocionais à saúde, principalmente no caso das mulheres. O estudo, que será publicado nesta semana na revista "Scandinavian Journal of Work, Environment & Health", indicou que o excesso de horas de trabalho tem conseqüências como ansiedade, depressão e problemas cardíacos. Os pesquisadores acompanharam 2.792 pessoas de diversas profissões e classes sociais durante um ano. A Agência de Saúde Pública de Barcelona concluiu que as mulheres são as mais prejudicadas porque acumulam mais funções entre casa e trabalho e "emocionalmente respondem pior à pressão".
Sono e ansiedade
De acordo com os cientistas, uma longa jornada de trabalho, a partir de 40 horas por semana, afeta os homens principalmente por meio de distúrbios no sono. Já as mulheres mostram mais sintomas como hipertensão, ansiedade, aumento de probabilidade de fumar, restrição de outras atividades de ócio e de prática de exercício e uma insatisfação geral. Também foram observados transtornos psíquicos e hormonais. A pesquisa chamada Perspectiva de gênero na análise da relação entre longas jornadas de trabalho, saúde e percepção do próprio estado de saúde, demonstrou que os homens têm cargas horárias maiores: 30,4% deles disseram trabalhar por mais de 40 horas, contra 17,1% de mulheres. Mas as trabalhadoras dividem mais o tempo entre as tarefas domésticas e o trabalho fora de casa: 34,4% contra 9,2% de homens.

Classe
Em relação ao nível sócio-econômico, as mulheres de classes mais baixas são as que trabalham mais horas. No caso dos homens é o contrário. Quanto mais alto o cargo de responsabilidade e o status salarial, maior é a carga horária. Na mesma proporção aumentam os riscos de problemas de saúde, já que segundo o estudo, são trabalhadores que dormem menos de seis horas ao dia. Horas extras e falta de condições adequadas (baixos salários, excesso de pressão, carência de materiais, ambiente ruim) afetam a saúde das mulheres de pior qualificação profissional, principalmente do setor de serviços, segundo a pesquisa. "As funcionárias de comércios, pequenas empresas, indústrias, bares e restaurantes são o coletivo mais vulnerável que precisaria de maior atenção pública em atividades de prevenção", afirmaram os cientistas. O estudo indicou ainda que as mulheres separadas e divorciadas triplicam as horas de trabalho comparadas com os homens no mesmo estado civil

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