Mensagem enviada por Pedro Albuquerque, de Ottawa, Canadá
Eis uma mensagem do professor Pedro Albuquerque, que mora no Canadá, sobre o jornalista Cláudio Pereira, ex-presidente da extinta Fundação Cultural de Fortaleza e que nos deixou na última semana:
Cláudio Roberto de Abreu Pereira. Cláudio Pereira era como o chamávamos nos anos 60. Hoje, Pereira. Pessoa mais querida que ele, impossível. Querida e digna. Terna e amorosa. Generosa e desprovida de preconceitos. Sua identidade mantinha-se em permanente recursividade em torno desses valores. Daí sua abertura ao mundo, à criatividade e a necessárias rupturas. Libertário e agitador cultural. Um rebelde que jamais perdeu a sensatez e a ternura.
Como nós, ele veio daqueles tenebrosos tempos de combate à ditadura. Foi o mais revolucionário, pois empunhou arma sem balas: a da cultura, para sensibilizar pessoas.
Com a arte, alcançava corações e mentes e ultrapassava os alambrados da UFC. Ativo e irriquieto como até hoje e sempre, participou das lutas do DCE e, junto a jovens igualmente dadivosos, criou o GRUTA – Grupo Universitário de Teatro e Arte. Com este. quebrou silêncios e inércias, desmistificou a imposição da história e do pensamento únicos, descortinou outros olhares, outras visões de mundo.
Com as Caravanas Culturais fez teatro, música e humor percorreram sertões, mares e cariris do Ceará. Foi além fronteiras: Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e outras plagas. Realizava, assim, a mais generosa revolução: a de congregar os diferentes e gentificar pessoas, como caminhos dos sonhos que sonhávamos juntos, pelos quais foi preso e torturado.
Éramos eu, ele e o Assis Maguinho, apoiados no Nogueira (querido artista plástico que nos deixou), e nos talentos de nossos queridos Antônio José Soares Brandão, o Brandão, e Delberg Ponce de Leon, os redatores do BISU – Boletim Informativo Semanal Universitário, nome por ele “bolado”.
Com amor maior, falarão sobre ele a Martine, sua esposa e companheira inseparável, o Félix Ximenes, (e)terno amigo-irmão, o Augusto Pontes que, por certo, o receberá com cerveja e cuba-libre. E os remanescentes do GRUTA, a boemia e a cultura. Sua presença-ausência suave-brasa estará para sempre recepcionada por sua Fortaleza amada.
Quanto aos nossos sonhos, estes continuarão a ser sonhados com sua história, seu exemplo e sua alma magnânima. Na condição de um ausente-presente na hora da despedida,deixo, em sua homenagem, este testemunho feito de amor. E ficarei daqui de muito longe carpindo saudade que muito dói.
Mas, a imagem que dele fica em mim é a da vida, a de seus desafios à própria natureza em percursos incansáveis tangidos por sua fascinação maior: a de rodear-se de gente.
Cláudio Pereira! Inesquecivelmente, Pereira! Presente!
* Pedro Albuquerque, de Ottawa-Canada.
dealbuquerqueneto.pedro@gmail.com
terça-feira, 18 de maio de 2010
A saudade do sociólogo e amigo de Cláudio Pereira
Fonte: Blog do Eliomar/O Povo online
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