Cientistas sequenciaram 60% do genoma completo dos neandertais e compararam o resultado com o genoma de cinco pessoas de diferentes partes do mundo (África do Sul, África Ocidental, Papua-Nova Guiné, China e França). Os neandertais, primos baixinhos e troncudos do homem moderno, sumiram do mapa há cerca de 30 mil anos. São nossos parentes evolutivos mais próximos.
Os pesquisadores, coordenados por Svante Pääbo, do Instituto Max-Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, descobriram que uma variedade de genes são exclusividade dos humanos, em especial um punhado de material genético que se espalhou rapidamente entre nossa espécie depois que o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens seguiram cada qual seu próprio destino, divergindo de um ancestral comum. As descobertas permitiram a elaboração da primeira versão de um catálogo de regiões do genoma e de genes que podem ser a chave para a identidade dos humanos modernos.
Os autores do trabalho, detalhado em dois artigos na revista “Science” desta semana, também afirmam que os humanos modernos e os neandertais “muito provavelmente” cruzaram, “em pequena medida”. A área em que os esparsos encontros românticos ocorreram, provavelmente, foi o Oriente Médio, à medida que o H. sapiens saía da África em direção à Eurásia. De 1% a 4% do genoma do homem moderno parece ser dos neandertais, estimam os autores.
As novidades são fruto da análise de amostras de pó de ossos de três indivíduos. Seus fósseis foram encontrados em uma caverna em Vindija, na Croácia.
Em agosto de 2008, cientistas anunciaram a decodificação do genoma mitocondrial (presente nas mitocôndrias, as usinas de energia das células) do homem de neandertal. Na época, concluíram que as evidências genéticas indicavam que os neandertais provavelmente não se misturaram com o Homo sapiens, apesar de terem convivido com seres humanos modernos por milhares de anos.
A diferença, agora, é que o genoma completo foi sequenciado. O genoma mitocondrial é só uma amostra do DNA de um organismo.
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