Seu relógio biológico ajuda você a viver mais e melhor
por Ivan alves - Blog Viva Saúde
O funcionamento do ritmo biológico do ser humano começou a ser analisado por pesquisadores ainda no período da Grécia clássica. Mas foi apenas no fim da década de 1950 que a ciência que estudava esse mecanismo tornou-se uma disciplina científica reconhecida internacionalmente. Surgia, então, a Cronobiologia, ramo dedicado ao estudo da biologia em função do tempo.
Todos os seres vivos, até mesmo os humanos, desenvolveram ritmos de expressão funcional para adaptarse à alternância entre o dia (luz) e a noite (escuridão). A grande contribuição da Cronobiologia, então, é a de fornecer diretrizes de como nosso organismo se comporta em determinados períodos. Assim como há um ciclo de batidas do coração, existe um conjunto de ritmos que variam ao longo do dia, os chamados ritmos circadianos (circa="próximo", diano ="dia"). A partir dessas descobertas, a medicina pode potencializar o uso de tratamentos e medicamentos e também fornecer orientações de comportamentos individuais, colaborando para que as pessoas sejam mais ativas no trabalho ou na escola. "Somos produto de uma história natural de interação com o ambiente terrestre. Dessa forma, só se pode entender o estado de saúde de um indivíduo se seus ritmos biológicos puderem se expressar de forma adequada", explica José Cipolla Neto, professor de Fisiologia do departamento de Fisiologia e Biofísica da Universidade de São Paulo (USP).
Nas últimas décadas, a área se expandiu muito e hoje há grupos de pesquisa em Cronobiologia em praticamente todo o planeta. "A existência de mecanismos marcadores de tempo na intimidade dos organismos, ou relógios biológicos, pode ser considerada como um marco dessa expansão no âmbito da ciência ocidental", diz Luiz Menna-Barreto, professor titular da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coautor do livro O sono na sala de aula (Vieira&Lent). "A principal vantagem é a compreensão de que as oscilações fazem parte Cronobiologia, a ciência de cada hora do funcionamento normal do corpo. Não podemos mais nos entender como máquinas, cuja eficiência é a mesma em qualquer momento. As aplicações podem ser exemplificadas pela compreensão necessária a respeito da ação de medicamentos, que também varia", explica. O docente sugere a substituição do termo "relógio biológico" por "sistema de temporização", "mais abrangente e adequado às recentes descobertas", indica.
VOCÊ É UMA PESSOA MATUTINA OU VESPERTINA?
Os ritmos biológicos variam de pessoa para pessoa. "Todos conhecemos tipos madrugadores, que se levantam com um bom humor insuportável", brinca Régis Cavini Ferreira. estes são os indivíduos de cronotipo matutino. aqueles que dormem até tarde e só começam a funcionar depois do almoço, apresentando um máximo de efi ciência ao entardecer, são classifi cados como os de tipo vespertino. existem, ainda, pessoas que não chegam nem em um extremo nem no outro, os mistos, ora com predominância matutina, ora com predominância vespertina. esse grupo é o mais predominante (80%) e também aquele que consegue se ajustar aos horários impostos mais facilmente. Os cronotipos costumam se estabilizar somente na idade adulta. "antes disso, a partir da infância, observamos uma migração pelos tipos", aponta Ferreira. O cronotipo é determinado geneticamente, por isso, sempre que possível, adapte sua rotina ao seu tipo.
24 HORAS NO SEU CORPO
O ciclo dia e a noite (claro e escuro) e a herança genética são os principais fatores que ajustam nossos ritmos para funcionarem no período de 24 horas. O relógio biológico é controlado por uma estrutura nervosa no cérebro - o chamado núcleo supraquiasmático, localizado no hipotálamo anterior - que marca todas as funções do organismo, ditando os ritmos acerca da duração do dia (níveis de luz) e da temperatura da pele. As informações sobre os níveis de luz no ambiente chegam até este núcleo, sinalizando o que está acontecendo fora do organismo e estabelecendo os parâmetros que determinam nossas reações internas.
Ao mesmo tempo, do lado de dentro do corpo, há uma glândula chamada pineal, responsável pela produção do hormônio melatonina. Ela aumenta ou diminuiu a produção da substância, de acordo com os dados de iluminação colhidos pela retina e que são enviados para essa estrutura. "Quando a noite está chegando, observamos uma elevação na produção desse hormônio, estabelecendo o ciclo de vigília e de sono, causando variações da temperatura corporal e mudanças bioquímicas - tais como a diminuição da disponibilidade de glicose, colesterol, entre outras",explica Régis Cavini Ferreira, doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário