O texto a seguir foi tirado do livro de Leonardo Boff, PRINZIP MITGEFÜHL, que em 2001 eu traduzi do alemão para o português e que foi publicado pela Editora Vozes com o título O PRINCÍPIO DE COMPAIXÃO E CUIDADO. Reproduz a primeira das quatro normas indispensáveis promulgadas pelo Parlamento das Grandes Religiões em sua Declaração sobre o Etos Mundial.
O texto a seguir foi tirado do livro de Leonardo Boff, PRINZIP MITGEFÜHL, que em 2001 eu traduzi do alemão para o português e que foi publicado pela Editora Vozes com o título O PRINCÍPIO DE COMPAIXÃO E CUIDADO. Reproduz a primeira das quatro normas indispensáveis promulgadas pelo Parlamento das Grandes Religiões em sua Declaração sobre o Etos Mundial.
Enviado por Carlos Almeida Pereira, Campina Grande/Pb
52. Obrigações
Inúmeras pessoas, em todas as regiões e religiões, estão empenhadas por uma vida que seja determinada não pelo egoísmo mas pelo compromisso em favor do próximo e do mundo em que vivemos. E no entanto existe no mundo de hoje uma quantidade infinita de ódio, inveja, ciúme e violência: não só entre as pessoas individuais, mas também entre os grupos sociais e étnicos, entre as classes e raças, nações e religiões. O uso da violência, o tráfico de drogas e o crime organizado, dispondo muitas vezes dos mais modernos recursos técnicos, alcançaram dimensões globais. Em muitos lugares se governa com o terror vindo “de cima”; ditadores violentam seus próprios povos, e a violência institucional está amplamente difundida. Até mesmo em muitos países onde existem leis para a proteção das liberdades individuais, os presos são torturados, as pessoas mutiladas e os reféns assassinados.
Mas das grandes e antigas tradições religiosas e éticas da humanidade ressoa esta advertência: Não matarás! Ou, formulado positivamente: Respeitarás a vida! Reflitamos, pois, novamente sobre as conseqüências desta antiqüíssima norma: Todo homem tem direito à vida, à integridade física e ao livre desenvolvimento de sua personalidade, enquanto isto não ofenda os direitos dos outros. Pessoa alguma tem o direito de torturar física ou psiquicamente outro semelhante, e muito menos de matar. E nenhum povo, nenhum estado, nenhuma raça, nenhuma religião tem o direito de discriminar, de “limpar”, de exilar e muito menos de liquidar uma minoria de características e crenças diferentes.
É certo que, onde existem seres humanos, hão de existir conflitos. Mas tais conflitos devem ser solucionados basicamente sem violência dentro de uma ordem de direito. Isto vale para o indivíduo, da mesma forma que para os estados. Justamente os detentores do poder político são solicitados a se restringirem à ordem de direito e a defenderem na medida do possível as soluções não violentas e pacíficas. Deveriam engajar-se por uma ordem internacional de paz, que por sua vez precisa de proteção e defesa contra os que usam de violência. Armar-se é um erro, o desarmamento é uma exigência do momento. Que ninguém se engane: não existe sobrevivência da humanidade sem paz no mundo!
Por isso, já na família e na escola, deveriam os jovens aprender que a violência não pode ser um meio de discussão com os outros. Só assim é possível criar-se uma cultura da não-violência.
A pessoa humana é infinitamente preciosa e precisa ser protegida a todo custo. Mas também a vida dos animais e das plantas, que povoam conosco este planeta, merece proteção, respeito e cuidado. A exploração desenfreada dos recursos vitais da natureza, a destruição brutal da biosfera, a militarização do cosmos, é um crime. Como pessoas humanas nós temos – em consideração, precisamente, com as gerações futuras – uma responsabilidade especial pelo planeta Terra e o cosmo, o ar, a água e o solo. Neste cosmo, nós todos estamos interligados uns com os outros e dependemos uns dos outros. O bem de cada um depende do bem do todo. Por isso é válido dizer: Não é a dominação do homem sobre a natureza e o cosmo que deve ser alardeada, mas a comunhão com a natureza e o cosmo deve ser cultivada.
Dentro do espírito de nossas grandes tradições religiosas e éticas, sermos verdadeiramente humanos significa sermos cuidadosos e solícitos, e isto tanto na vida privada como na vida pública. Nunca deveríamos agir sem solicitude e com brutalidade. Todo povo deve ter para com o outro, toda raça para com a outra, toda religião para com a outra, tolerância ou mesmo respeito. As minorias – sejam elas de natureza racial, étnica ou religiosa – precisam de nossa proteção e de nosso apoio.
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sexta-feira, 23 de maio de 2008
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Um comentário:
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