Danuza Leao
Do primeiro ela gostou porque era ciumento ? para muitos, ciúme é prova de amor.
Ele controlava sua vida, telefonava o dia todo e, se ela tivesse ido ao cinema, pedia para contar o filme; armava ciladas para ver se descobria alguma contradição e às vezes até parecia decepcionado por não conseguir flagrá-la em nenhuma mentira.
Ciumentos não precisam de razão para sofrer.
Um dia acabou, claro, e ela partiu para o oposto. Esse tinha a cuca bem fresca e, se chegasse em casa depois dele, não havia perguntas; podia sair para jantar com uma amiga, na volta ele já estava dormindo e dormindo continuava.
Como não há mulher que suporte isso, o romance também acabou. Aí ela resolveu ficar sozinha por uns tempos: homens são muito espaçosos, criam muito caso, e com eles não se tem tempo para nada.
Quem mora só desfruta de todos os direitos, entre eles o de manter a geladeira vazia, fazer ginástica à noite e dormir cheia de cremes na cara, o que não tem preço.
Mas não demorou muito a lua-de-mel com ela mesma; achou que já era hora de arranjar um namorado novo, mas estava determinada: morar junto, nunca mais. Difícil mesmo foi combinar as regras do novo jogo: vale telefonar às 11 da noite para dar um beijinho de boanoite? Vale, claro.
Mas, se o outro não estiver em casa, dá para perguntar por onde ele andava? E, se o telefone estiver ocupado durante horas, é lícito perguntar: "Com quem você estava falando?" De preferência, não, pois perguntar já é controle, e isso não pode.
Começou a não dar certo. Se ele dormisse na casa dela toda noite, virava casamento; mas, se dizia "Te ligo amanhã", ela se sentia rejeitada. Acabaram chegando ao impasse: ou se separavam ou iam morar juntos e ter um filho.
Tiveram juízo e preferiram acabar. Mas, pensou, não é possível passar a vida juntando e separando, juntando e separando.
Como viver nesse vai-e-vem emocional? Qual a saída? Descobriu que "saída" não existe e que ninguém é feliz 24 horas por dia; que viver junto é ótimo, mas às vezes um verdadeiro inferno (e viver só também).
Então, passou a se preparar para os futuros namoros (ou casamentos).
Quais as qualidades mais importantes para conseguir viver a dois sem sucumbir aos ímpetos assassinos que às vezes surgem?
Começou a se perguntar se era paciente, tolerante, se tinha jogo de cintura, se era capaz de mudar de opinião quando preciso, se gostava de crianças (não existe homem a partir dos 25 que não venha com pelo menos duas).
Conseguiria não ter ciúmes delas nem da mãe delas? Seria capaz de fazer das tripas coração e passar a noite de Natal com a família dele, sorrindo e sem beber uma só gota de álcool (reuniões familiares são estressantes e a combinação stress + álcool não costuma dar certo), tendo a coragem de reconhecer que queria estar numa praia do Nordeste com ele ou sem ele, talvez de preferência sem?
E chegou à conclusão de que é capaz de tudo isso, sim, e de muito mais, com uma única condição: estar apaixonada.
Do primeiro ela gostou porque era ciumento ? para muitos, ciúme é prova de amor.
Ele controlava sua vida, telefonava o dia todo e, se ela tivesse ido ao cinema, pedia para contar o filme; armava ciladas para ver se descobria alguma contradição e às vezes até parecia decepcionado por não conseguir flagrá-la em nenhuma mentira.
Ciumentos não precisam de razão para sofrer.
Um dia acabou, claro, e ela partiu para o oposto. Esse tinha a cuca bem fresca e, se chegasse em casa depois dele, não havia perguntas; podia sair para jantar com uma amiga, na volta ele já estava dormindo e dormindo continuava.
Como não há mulher que suporte isso, o romance também acabou. Aí ela resolveu ficar sozinha por uns tempos: homens são muito espaçosos, criam muito caso, e com eles não se tem tempo para nada.
Quem mora só desfruta de todos os direitos, entre eles o de manter a geladeira vazia, fazer ginástica à noite e dormir cheia de cremes na cara, o que não tem preço.
Mas não demorou muito a lua-de-mel com ela mesma; achou que já era hora de arranjar um namorado novo, mas estava determinada: morar junto, nunca mais. Difícil mesmo foi combinar as regras do novo jogo: vale telefonar às 11 da noite para dar um beijinho de boanoite? Vale, claro.
Mas, se o outro não estiver em casa, dá para perguntar por onde ele andava? E, se o telefone estiver ocupado durante horas, é lícito perguntar: "Com quem você estava falando?" De preferência, não, pois perguntar já é controle, e isso não pode.
Começou a não dar certo. Se ele dormisse na casa dela toda noite, virava casamento; mas, se dizia "Te ligo amanhã", ela se sentia rejeitada. Acabaram chegando ao impasse: ou se separavam ou iam morar juntos e ter um filho.
Tiveram juízo e preferiram acabar. Mas, pensou, não é possível passar a vida juntando e separando, juntando e separando.
Como viver nesse vai-e-vem emocional? Qual a saída? Descobriu que "saída" não existe e que ninguém é feliz 24 horas por dia; que viver junto é ótimo, mas às vezes um verdadeiro inferno (e viver só também).
Então, passou a se preparar para os futuros namoros (ou casamentos).
Quais as qualidades mais importantes para conseguir viver a dois sem sucumbir aos ímpetos assassinos que às vezes surgem?
Começou a se perguntar se era paciente, tolerante, se tinha jogo de cintura, se era capaz de mudar de opinião quando preciso, se gostava de crianças (não existe homem a partir dos 25 que não venha com pelo menos duas).
Conseguiria não ter ciúmes delas nem da mãe delas? Seria capaz de fazer das tripas coração e passar a noite de Natal com a família dele, sorrindo e sem beber uma só gota de álcool (reuniões familiares são estressantes e a combinação stress + álcool não costuma dar certo), tendo a coragem de reconhecer que queria estar numa praia do Nordeste com ele ou sem ele, talvez de preferência sem?
E chegou à conclusão de que é capaz de tudo isso, sim, e de muito mais, com uma única condição: estar apaixonada.
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