sábado, 10 de julho de 2010

Trinta anos sem Vinicius de Moraes, o 'poeta camarada'


Nesta sexta-feira, completam-se trinta anos desde a partida de Vinicius de Moraes. O poeta morreu aos 67 anos de idade deixando saudade em muita gente, e hoje é reconhecido como uma das figuras mais marcantes da história da poesia e música popular brasileiras, deixando uma obra invejável.

Diplomata boêmio, o compositor viajou o mundo e soube aproveitar a vida. Não abria mão das rodas entre amigos, uísque e mulheres bonitas. Romântico e sedutor, casou-se nove vezes, e viveu cada um desses amores como se fosse o último.

Ao longo de sua trajetória, selou muitas parcerias. Da amizade com o maestro Tom Jobim, surgiu "Garota de Ipanema", "Insensatez" e a canção "Chega de Saudade" que interpretada pelas mãos de João Gilberto viria a estabelecer o que seria a batida da Bossa Nova.

Com Baden Powell, surgiram os afro-sambas nos quais Vinicius se aproximou ainda mais da cultura popular e da simplicidade. Ainda assim, o grande companheiro do compositor foi Toquinho. Juntos, compuseram em torno de 100 canções. "Ele é o grande poeta brasileiro que popularizou a poesia 'dos livros', levando-a para a música", afirma Toquinho em entrevista concedida ao "R7".

Recentemente, Vinicius surpreende mais uma vez. As filhas do compositor, em reportagem à "Rede Globo", informaram que receberam do herdeiro de Lucia Proença, ex-mulher do poeta, um manuscrito do que parecia ser uma música inédita. "É o amor que te fala / É o amor que se cala / E que despetala / A flor do silêncio" são alguns dos versos da música entitulada "Silêncio". O documento chega às mãos de Edu Lobo, um dos parceiros do compositor, que afirma: "Na verdade ele tinha deixado essa letra pro Baden musicar e não sei o que aconteceu, a letra se perdeu". Lobo emocionado diz que o aparecimento do escrito é uma alegria e vai se encarregar de terminar a canção.




Soneto da Felicidade


Vinícius de Morais


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento,

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure,




Marcus Vinicius de Mello Moraes
* Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913
+ Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980

Fonte: Blog SRDZ

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