sábado, 10 de julho de 2010

Máximas de Millor Fernandes




XII.
Prudência: E devemos sempre deixar bem claro que nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo. Somos apenas contra ser roubados.

XI.
Reflexão Melancólica:
Eu não sou o que já fui e já não serei o que sou. E, tenho que reconhecer, o que sou não é lá grande coisa.

X.
Disfarce: No Planalto, muita gente de quatro fingindo que está apenas procurando a lente de contato.

IX.
Responda depressa: o que é que faz quem não gosta de fazer nada e morre de tédio por não ter o que fazer?

VIII.
A inflação destrói uma antiga lei natural; ”tudo o que sobe desce”.

VII.
O estômago tem razões que os já alimentados não compreendem.

VI.
A juventude que, coletivamente, já é mais da metade da população da terra individualmente continua sendo um terço da vida.

V.
Costumes locais:
Amigo nosso, brasiliense, foi abordado na rua por um garotinho de uns oito anos: “Desculpe moço”, disse o garotinho, “eu queria comprar uma roupa de futebol e uma bola. Tem uma loja por aqui?” “Tem sim”, informou o nosso amigo, “mas na outra quadra tem uma que vende muito mais barato. Essa daqui é muito cheia de luxo”. “Não faz mal, não” respondeu o menino, “eu sou o tesoureiro do clube”.

IV.
Fica frio, amigo, não foi o brasileiro o inventor da corrupção. Baseado no mais profundo ensinamento da minha religião, a corrupção começou no Princípio dos Princípios, justamente no Jardim do Éden.

Quando os dois proto-Safados, corrompidos pela Serpente, desrespeitaram a Lei do Senhor e comeram o Fruto da Ciência do Bem e do Mal, o desrespeito espantoso ficou conhecido como A Queda. Mas não passou assim pelo Todo (como era conhecido o Todo-Poderoso), que condenou os três culpados por uso indevido de bem público e formação de quadrilha.

Logo o Anjo Gabriel, executor das ordens do Supremo, expulsou Adão e Eva do Paraíso, obrigando-os a viver na periferia, a leste do Éden. Mas a Serpente, misteriosamente, nunca foi punida

III.
TEM SEMPRE LUGAR PRO OTIMISMO, CARA.

Pô, há 500 anos, o Brasil nem existia. Quer dizer, estava encoberto. E 500 anos depois ainda somos um país jovem. Pode? Pode. O Brasil já nasceu equipado com célula-tronco. Por isso, neste albor (oba! oba!), nas primeiras luzes da gloriosa Era Lula, que muitos deturpam para Lula já era, temos a obrigação de repetir alto e bom som: NADA DE PESSIMISMO, COMPATRIOTAS!

Agora são outros 500. E não adianta fazer balanço dos anteriores. Foram bons, foram ruins, foram péssimos, foram um fracasso. Mas já se foram. Agora temos que acreditar nos que vêm. Ora, pois.
Pois se, como todos sabem, a Geometria é resultado da curiosidade dos sábios gregos vagabundando na Ágora de Atenas; a Astronomia veio da superstição que criou antes a Astrologia; a Economia surgiu da avareza; a Eloquência nasceu do ódio e do puxa-saquismo – por que a Grandeza do Brasil não pode começar com um Deficiente Digital?

OTIMISMO, GENTE! OTIMISMO!

II.
Cultura Marginal:
No dicionário prefira os palavrões. Na aritmética escolha os números ordinários.

I.
O dramático aumento, no mundo inteiro, de assaltos a bancos, joalherias e museus, ou a qualquer lugar em que haja fortunas em joias, quadros e outras preciosidades, é assustador. Mas tem também o efeito colateral – a vida dos receptadores tornou-se estressante. Nos tempos de Sherlock Holmes todos os assaltantes eram presos no fim da história, de modo que a solicitação ao esforço físico e psíquico dos interceptadores não era tão grande. Hoje, me disse um interceptador, aliás, deputado sem fins lucrativos, há, entre os profissionais, sérios problemas de armazenagem. E ponderou: "Muitos, secretamente, acabam depositando tudo nos próprios bancos assaltados."

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