terça-feira, 10 de março de 2009

SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS: UMA HISTÓRIA QUE SÓ O AMOR CONSTRÓI

Excelente esse texto escrito pela Beni.

Somente uma pessoa com tamanha sensibilidade consegue enxergar e transmitir esse sentimento com tanta beleza e clareza.

Parabéns para a Beni e parabéns também para Josélia e toda a equipe da SAC, um raro exemplo de inclusão social.

Impossível não enxergar nesse extraordinário trabalho que é desenvolvido na SAC tudo o que foi semeado pelo inesquecível Waldo.

O editor




































O casarão tem o estilo clássico. É de cor rosa, cercado de árvores, de luz e belas sombras e uma brisa refrescante sopra suavemente. O espaço interno é enorme. Ao chegar para uma visita, fui recebida pela presidente da casa, dona Josélia Sá e Almeida com um largo e acolhedor sorriso, daqueles que nos envolve como um abraço e faz a gente se sentir bem vindo, querido, em casa.
Tudo ali tem vida. Cada sala tem magia. Cada pessoa tem um encanto particular. Cada funcionário, cada professor nos recebe com tanto carinho, nos mostra e nos explica cada detalhe de tudo com tanta atenção que a gente se sente como se fosse o único visitante, uma autoridade ou alguém muito importante. Naquele lugar a alegria impera e o riso cristalino de crianças e adolescente soa como música por toda a parte. Ali não parece ser uma casa de cegos, pois uma luz especial brilha em cada canto, em cada olhar, que mesmo sem foco penetra fundo em nosso coração e quem se sentiu cego naquele momento, naquele ambiente de paz e harmonia, fui eu, ofuscada pelo brilho dos olhos da alma de cada um daqueles que tive a felicidade de conversar e apertar a mão. A luz do espírito é bem mais forte e quando nos atinge, nos emociona ao ponto de se sentir a garganta seca e apertada e os olhos marejados. À proporção que fui conhecendo cada sala, cada ambiente, cada projeto, cada proposta fui me conscientizando da magnitude deste trabalho de inclusão social destas pessoas que não podem ver a luz do sol e que por isso são marginalizadas tantas vezes e que naquele lugar mágico recebem tantos benefícios, tais como: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação Especial, Reabilitações, Alfabetização de Adultos, além de Vales – Transporte, Cursos e Seminários e atendimentos na área de educação e saúde. Tudo isso inteiramente gratuito. Uma biblioteca com inúmeros volumes, toda em Braille, livros falados, acervo áudio-visual com CDs, DVDs, VHS, brinquedoteca, além de imprensa em Braille está a disposição de todos proporcionando mais cultura e conhecimento e um engajamento maior na sociedade, onde cada um aprende a VER o mundo e participar da vida como um ser humano normal, aceito e incluído no meio em que vive.

Fui recebida no Centro de Estudos DOSVOX, onde o deficiente visual tem a grande chance de penetrar e desvendar o mundo dos computadores, pelo Dr. Paulo Roberto Cândido, um gentleman e um poeta, que me entrevistou e me presenteou com sue livro de poesias: Viagem ao Céu Particular, cujos versos me encantaram e me aqueceram o coração.

Como pode tudo isso se realizar senão pela força do amor, pela abnegação e entrega total destas pessoas extraordinárias que dirigem esta casa? Blanchad Girão no seu livro sobre esta Instituição, intitulado: Ensinando a Ver o Mundo, cita Shakespeare: .”Algumas vezes tudo o de que precisamos é uma mão para segurar e de um coração para nos entender” Isso eu pude sentir durante o tempo da minha visita. Esta maneira singular e única de cuidar do deficiente visual. Metas difíceis de conquistar, mas que, graças a pertinácia, idealismo e força de vontade de seus fundadores desde o inicio com o Pe Arquimedes Bruno, a Dr Valdo, duas vezes presidente e incansável batalhador, ofertando a “ Luz do espírito aos destituídos da luz dos olhos” até a gestão abençoada de Dona Josélia Almeida que há 38 anos entregou parte da sua vida a esta labuta incansável de educação e reabilitação do cego, presidente também por duas vezes e que até hoje luta para que esta casa continue sendo como sempre foi, e hoje mais ainda pela força do progresso tecnológico, um verdadeiro estabelecimento de recuperação moral e profissional do destituído da visão, uma instituição modelar e um exemplo de organização e eficiência em todo o país. Parabéns a todos que fazem A SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AO CEGO, abraço cada um em particular e os guardarei para sempre no coração e a esta pequena grande mulher, que o dirige, Josélia, minha prima por escolha e por presente de Deus, todo o meu carinho, respeito e admiração.

Beni Alcântara Almeida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tambem tive a felicidade de conhecer de pertto esta instituição. Quando me aposentei passei dois anos dando uma pequena colaboração no "Banco de Olhos" onde recebia autorizações por escrito dos doadores. Me afastei por motivo superior, porém nunca vou esquecer o trabalho de toda esta equipe, principalmente de Josélia e de Waldo.
Carmen