sábado, 29 de setembro de 2007

Geriatria é especialidade em falta no mercado

Sobre Priscila, de blusa azul, acredite, se quiser, mas essa foto foi batida em pleno Carnaval. Mas no Fortal... ela detonou. Ninguém é de ferro, não é Priscila ?



Clarissa, sobrinha da Ita, mestrado em matemática a caminho do doutorado.




Detalhe : pelo que muito bem sei, essa Clarissa Borges, a jornalista, não é a Clarissa, sobrinha da Itacoeli, muito querida daqui de casa, cuja foto ao lado apresento.


E no campo das ciências exatas a AFA tem a Priscila, uma jovem genial , que participa com muito brilhantismo de olimpíadas de Física e Matemática.
Gente, quanta confusão. Mas essa mistura toda se deve por causa do nome da jornalista do Jornal A TARDE, de Salvador, que também se chama Clarissa Borges. Apenas uma feliz coincidência.

Geriatria é especialidade em falta no mercado

Clarissa Borges, Jornal A TARDE, Salvador/Ba


Uma vez por semana, o estudante Leonardo Oliva, 25, encontra colegas para discutir temas ligados à saúde de pessoas com mais de 60 anos. Leonardo é uma exceção entre estudantes de Medicina, ao se interessar por uma área que carece de profissionais em todo o país: a geriatria. Ele integra a Liga Acadêmica de Geriatria e Gerontologia da Bahia (Laggeba), grupo de pesquisa e extensão que reúne estudantes da área de saúde e promove atividades como um simpósio anual, que deve acontecer em novembro.





O cuidado com o idoso, em si, não é muito atraente, devido a especificidades que exigem paciência e dedicação. Aliado a isto, a baixa lucratividade da especialidade faz com que pouquíssimos novos médicos sigam o mesmo caminho de Leonardo. “Como a geriatria não tem nenhum procedimento cirúrgico, não é rentável”, explica o estudante. Além disso, ele lembra que a escassez de profissionais renomados na área é outro fator de desestímulo aos jovens.
No caso de Leonardo, o padrinho – o especialista Adriano Gordilho - serviu como exemplo. “Sempre gostei muito da área clínica, e me inspirei nele para seguir a carreira”, conta. Para ele, quem escolhe a geriatria é porque realmente gosta. “São pacientes muito queixosos, muitas doenças, geralmente crônicas e sem cura”, explica. O jovem observa ainda que os especialistas não se queixam da rentabilidade. “Até porque tem poucos, estes não reclamam do retorno financeiro”, diz.





A queda da taxa de natalidade e os avanços da Medicina fazem com que a população idosa cresça aceleradamente em todo o mundo. No Brasil, são mais de 19 milhões de pessoas com mais de 60 anos, aproximadamente 10% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, 13.974, ou 9,6%, vivem na Bahia. Segundo o órgão, a proporção de idosos cresce mais do que a proporção de crianças.





Em 1980, a proporção era de 16 idosos para cada 100 crianças. No ano 2000, essa proporção subiu para 30 por 100. Apesar disso, a formação de médicos especializados no atendimento à faixa etária não segue o mesmo ritmo para garantir à população um envelhecimento com saúde. Segundo o geriatra Rômulo Meira, presidente da seção Bahia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a questão é grave. Ele estima que, em Salvador, haja apenas cerca de 20 geriatras formados.





O médico rechaça os colegas de profissão que colocam o lucro acima de outros valores necessários à profissão, o que aponta como principal fator para a carência de profissionais no mercado. “Os médicos recém-formados não têm nenhum interesse. Em Medicina o que dá dinheiro é radiologia, cirurgia e coisas do gênero. Infelizmente, a motivação para a busca de especialidade médica é cada vez mais o que dê maior lucro e não dê trabalho”, dispara.
Carência - Segundo ele, se a procura fosse igual à dos países desenvolvidos, haveria uma insolvência. “A carência só não é maior porque a demanda é latente e os idosos geralmente não procuram o geriatra, e é ainda muito maior nas cidades do interior, onde a presença dos geriatras é pontual”, revela. O médico acrescenta que, se os idosos não procuram o especialista, é por falta de conhecimento e orientação, ressaltando a importância da formação específica.
Nos planos de saúde, a oferta da especialidade é rara e, muitas vezes, os segurados pagam por conta própria as consultas, que custam em média de R$ 200 a R$ 230 (veja o gráfico). Na rede pública, a situação é ainda mais precária, visto que a especialidade nem está entre as oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e em Salvador é restrita ao Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi).





O médico Rômulo Meira questiona o valor pago por consulta com um geriatra, que tem a mesma remuneração que outras modalidades. “Como um médico pode receber por uma consulta de uma hora, uma hora e 20, o mesmo que receberia por uma de 15 minutos?”, questiona. Pelo SUS,o médico recebe R$ 10 e os planos de saúde pagam, em média, R$ 25 por uma consulta.




Fonte : Jornal A TARDE, Salvador/Ba

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