Lembrar: direto ou indireto?
Por Thaís Nicoleti
“A maioria dos restaurantes utiliza cartazes lembrando os clientes que não se deve fazer barulho.”
O verbo “lembrar” admite algumas construções, cada qual em uma situação diferente. É preciso, portanto, verificar qual a mais adequada na situação que se apresenta.
“Lembrar” pode significar apenas “vir à memória”, um ato tão involuntário quanto o de “esquecer”. Nesse caso o mais apropriado – aliás, para ambos os verbos – é o emprego da forma pronominal. Assim:
Eu me lembro muito bem daquele dia.
Eu me esqueço de datas de aniversário.
Observe que, quando o verbo é pronominal (lembrar-se), seu complemento é introduzido pela preposição “de”. Assim: eu me lembro de, ele se lembra de, nós nos lembramos de etc. O mesmo vale para “esquecer-se”.
É essa forma do verbo “lembrar” (e do seu antônimo, “esquecer”) que se emprega quando o complemento é um verbo no infinitivo. Assim: “Ele não se lembrou de fazer o relatório” ou “Ele nunca se esquece de apagar as luzes”. Nesses casos, não é possível suprimir o pronome “se”.
O verbo “lembrar” também pode ser um transitivo direto, construído com complemento sem preposição. Assim:
Ele lembra o pai. (é parecido com o pai)
Tudo na casa lembrava o avô. (trazia à memória o avô)
No sentido de “informar”, “advertir” ou “prevenir”, constrói-se com o objeto direto de pessoa (pronomes oblíquos “o”, “a”, “os”, “as”) e com o indireto de assunto (encabeçado pela preposição “de”). Assim: “Lembrou-o de suas responsabilidades”. Foi exatamente esse o caso que confundiu o redator do trecho em epígrafe. Note que os cartazes têm a finalidade de “lembrar os clientes de algo”, ou seja, “lembrar os clientes de que não se deve fazer barulho”.
Veja, abaixo, o texto corrigido:
A maioria dos restaurantes utiliza cartazes lembrando os clientes de que não se deve fazer barulho.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
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