O jornal O Globo - RJ do dia 29, sábado último, contém uma matéria sobre o livro "O que cabe em duas malas" (Was in zwei Koffer passt), lançado recentemente no Brasil pela editora Guarda-chuva. A mesma foi baseada em uma entrevista feita com a autora, Veronika Peters, a qual Bebel traduziu.
A tradução desse livro foi iniciada por Tio Carlos. E Bebel com seu extraordinário talento, numa prova de grande maturidade, a completou com rara competência. A reconhecida capacidade que tem Bebel de realizar um trabalho tão complexo certamente terá sido a maior herança que seu pai lhe deixou.
Vale lembrar que esse livro se tornou um best-seller na Alemanha, figurando por seis meses na lista dos mais lidos da internacionalmente renomada revista alemã Der Spiegel.
Bebel é quem deveria ter feito esta postagem, mas a modéstia, bem peculiar aos Almeida, o impediu.
Sérgio Almeida Franco, Salvador-Ba
Bebel anda rindo a toa com o sucesso de sua tradução em obra tão importante. E não é para menos ! ! !
Vejam matéria de O Globo, de 29/11
Histórias de uma ex-freira
Alemã revela o cotidiano de um mosteiro e vira fenômeno literário
Entrar para um convento é uma desculpa bastante comum, quase um ditado popular feminino usado depois que se passa por uma decepção amorosa. Uma brincadeira. Mas algumas mulheres levam a brincadeira a sério, juntam suas coisinhas e mergulham na vida monástica. Foi escrevendo sobre a misteriosa vida no claustro dos mosteiros beneditinos que a alemã Veronika Peters, uma ex-freira, estreou na literatura com o romance autobiográfico “O que cabe em duas malas” (Editora Guarda-Chuva), virando fenômeno de vendas na Alemanha.
Aos 21 anos Veronika jogou duas malas num Fusca e partiu para um mosteiro. Mas a iniciativa não ocorreu devido a uma desilusão amorosa, pelo contrário – ela deixou o namorado de lado atrás de novas sensações. Aliás, sensações não faltaram em sua vida. Ela saiu de casa adolescente para fugir da rotina familiar desgovernada sob o comando de um pai alcoólatra. Mais tarde, trabalhou com assistência a jovens até se converter ao Catolicismo e decidir entrar para o convento.
– Inicialmente eu era fascinada pela liturgia, pelos ritos, pelo modo solene e tocante das celebrações da Igreja – conta por e-mail.
No livro, ela descreve: “É provável que seja tão difícil responder por que alguém resolve entrar num convento quanto explicar por que alguém se apaixona por determinada pessoa”.
Ao mudar de vida, ela enfrentou o espanto dos amigos – o pouco que eles conheciam da vida monástica vinha do filme “Uma cruz a beira do abismo”, com Audrey Hepburn como Irmã Luke, a linda mulher que abre mão de tudo para ser freira. A personagem, aliás, serve de referência no livro para explicar alguns ritos.
Veronika, hoje com 42 anos, narra os 12 anos que viveu no convento. As questões espirituais perdem espaço para o relato da rotina de oração e trabalho, a intimidade de mulheres que vivem no claustro e a vida em comunidade, além de suas muitas dúvidas. Não poderiam, claro, faltar questionamentos sobre o celibato, aos quais uma das freiras explica: “A gente precisa escolher o preço que está disposta a pagar”.
O livro é norteado pela constante sensação, e tensão, de que Veronika vai pular fora a qualquer momento. E como a personagem de Hepburn em “Uma cruz a beira do abismo”, a autora também desiste do hábito. Mas por um motivo diferente. Ela se apaixonou por um homem que conheceu na livraria do convento. Eles estão casados há oito anos e têm uma filha.
– Depois de tudo que vivi no convento, eu estava uma dúzia de anos mais velha, enriquecida por experiências, com algumas ilusões a menos e bem preparada para um recomeço.
Melina Dalboni
O Globo – RJ – Ela – 2008-11-29 – pg: 17
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