quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIA

Conheça algumas dicas para narrar contos para as crianças

Por Giuliano Tierno

Por entender que as histórias (sejam elas quais forem) são registros fascinantes da experiência humana, é que há alguns anos venho pesquisando processos que envolvam de alguma forma a arte de contá-las. Essa pesquisa sempre teve como ponto principal a busca por caminhos e métodos que fazem de alguém um contador de histórias.
Não é raro ouvir de algum participante de uma oficina, a seguinte pergunta: "o que devo ter para ser um bom contador de histórias?", ou, ainda: "é possível aprender a contar histórias?". As respostas não são exatas, mas para ser um bom contador de histórias é preciso, antes de tudo, ser um bom ouvinte, alguém capaz de mobilizar tempo e dedicação para estimular, ao invés do pensamento linear racional, o imaginário de forma criativa. Além disso, é possível sim aprender a narrar. Não existem receitas.
Portanto, o que é possível no campo da aprendizagem dessa atividade é o despertar do indivíduo, que, na prática, é um ouvidor de histórias sempre pronto a organizar suas experiências e contá-las de maneira significativa.
Estou cada vez mais convencido que a forma de descrição é fundamental na arte de contar histórias. Para se apropriar desse "como" é necessário refletir sobre a relevância histórica e humana dessa arte. E na seqüência parta para atividades vivenciais concretas, para entender como funcionam os princípios básicos de um contador.
Por exemplo: a espontaneidade do corpo; a estrutura do pensamento em relação à história que escolheu para contar; ou ainda, as inúmeras possibilidades de entonação de voz. Com isso, se reforça a valorização dessa atividade como um meio de preservar e criar uma memória afetiva familiar e coletiva.
A conclusão que chegamos é que essa arte resiste há mais de 3 mil anos por compartilhar experiências humanas como nenhuma outra. Fascina ouvintes de todas as idades porque desperta, no plano poético, dores, pavores e alegrias.
O que tem sentido numa história não são as explicações, mas o desconhecido revelado em uma imagem, em uma metáfora. Talvez o escritor João Guimarães Rosa, nos ajude nessa compreensão quando diz que "(...) o mais importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas ainda não foram terminadas. Afinam e desafinam. Verdade maior!".

Giuliano Tierno é ator e já dirigiu peças teatrais como Otelo e Romeu e Julieta. Em 1996, começou a realizar trabalhos de arte-educação com crianças e jovens. Atualmente, realiza palestras e workshops em escolas e universidades.

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