sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Uma reflexão para o dia de finados.


Diz-se que certa vez perguntaram a um famoso poeta qual frase gostaria que fosse escrita em sua lápide, ao que ele respondeu:

"Quero que seja escrito: 'Nao estou aqui'". O poeta era ateu.


Nós, pela fé, sabemos que a vida nao termina na cova. De igual modo, cremos que não ficamos presos à sepultura., Mas temos claro também que a morte constitui um dos maiores mistérios que nos envolvem. Ela nos comove e, muitas vezes, nos põe à prova.

Quando criança, a primeira vez que fui a um velório fiquei assustado: não com a falecida, já idosa, de cujo rosto ainda guardo a lembrança, mas com os lamentos e prantos dos adultos diante do caixão. A impressão que ficou foi que a vida daquela senhora terminava ali, com a morte. O desespero dos parentes parecia revelar 0 sentimento de perda para sempre. Não havia, pelo visto, nenhuma possibilidade de esperança. A sensação era de tragédia.


É certo que a partida faz chorar. Aquele que verdadeiramente cultiva os sentimentos sente a dor da ausência, sobretudo dos próximos e de quem mais ama. Não há mal em chorar a separação das pessoas queridas. Homens e mulheres choram. Jesus também chorou. No entanto, para 0 cristão, 0 horizonte não é a escuridão da morte, a dor que ela provoca. À nossa frente está o clarão da vida.

Por isso, neste dia de memória, em vez de pensarmos na tragicidade da morte, poderíamos refletir sobre 0 que nos falta fazer para que ninguém seja privado do direito de viver bem no tempo presente. Daí a necessidade de nosso empenho constante por uma real idade de paz, fartura, partilha, respeito, amor de verdade, fraternidade entre todos.

Alguém poderia dizer que isso nao passa de divagação utópica. Pode ser que seja, mas nossa missão não é outra senão construir uma realidade melhor, ser feliz hoje.

Desse modo, quando a morte chegar, ela sera vista com menos alvoroço e mais como algo natural, pelo qual todos um dia teremos de passar.

Jamais compreendemos o mistério da morte. Temos, porém, a capacidade de construir um mundo de paz agora, onde não haja mortes violentas e prematuras.

Que 0 Senhor ressuscitado nos ajude a viver a vida presente. E,quando chegar nossa hora, saberemos que nosso destino não é a tumba.

"Não estou aqui."

Antônio Iraildo Alves de Brito

Mensagem enviada por Fernando Paiva, ex-aluno do Colégio Seráfico de Ipuarana.

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