Chave para dieta saudável é respeitar o organismo, aconselha nutricionista
As mudanças para dietas mais saudáveis precisam respeitar os hábitos e os gostos de cada pessoa. Esse é o conselho a professora de nutrição Aureluce Demonte, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), neste 31 de março, Dia Nacional da Nutrição.
Nos últimos anos têm crescido a procura pela chamada “dieta mediterrânea”, que, como o próprio nome explica, vem dos povos que vivem na região do mar Mediterrâneo -- o que inclui espanhóis e italianos, mas também norte-africanos, turcos e sírios.
Tudo começou, explica Demonte, com pesquisas populacionais que mostraram que as pessoas que vivem nessa área têm expectativas de vida mais elevadas, mesmo aquelas que vivem em grandes metrópoles e levam uma vida mais estressante.
Os especialistas acreditam que isso tem muito a ver com a alimentação. Devido ao clima do Mediterrâneo, as pessoas costumam comer muito peixe, muitas frutas e, coisa mais rara aqui no Brasil, oleaginosas, como castanhas e avelãs, e muito azeite de oliva. Além disso, eles também costumam tomar vinho (com moderação) durante as refeições. Segundo Demonte, essa combinação faz muito bem para a saúde, porque protege contra problemas cardíacos e retarda o envelhecimento.
É algo extremamente positivo, mas que envolve também uma série de questões culturais e comportamentais que são difíceis de copiar no Brasil. “Há poucas coisas mais complicadas do que mudar um hábito alimentar. A pessoa gosta de comer as coisas que ela gosta de comer e pronto. É possível adequar muitas coisas, mas não dá para a pessoa mudar completamente da noite para o dia”, explica ela. “A dieta mediterrânea envolve, por exemplo, alto consumo de azeite de oliva. Alto mesmo. Eles usam azeite para tudo, para cozinhar carnes, para temperar saladas, tudo. E, embora os brasileiros tenham em geral o hábito de consumir algum azeite, dificilmente nos o usamos nessas quantidades tão grandes”, afirma.
De acordo com Delmonte, quem quer se beneficiar da saúde do Mediterrâneo precisa exercitar o equilíbrio e adequar a dieta aos seus hábitos alimentares normais. “Se a pessoa simplesmente comer um pouco de azeite por dia, já ajuda. Comer mais frutas, procurar comer castanhas. Tomar uma taça de vinho de vez em quando”, orienta. “A chave é se respeitar e respeitar o seu organismo. Mudanças radicais de uma hora para a outra não se mantêm ao longo do tempo; a pessoa invariavelmente acaba voltando para seu comportamento anterior”, diz a professora.
Delmonte explica que a melhor maneira de ter uma alimentação saudável não é se prender a receitas fixas e a dietas mirabolantes. “Enquanto a pessoa segue as ‘regras’ da dieta, tudo bem. Assim que ela ‘escapa’, volta a se alimentar como antes. É isso que faz surgir o famoso efeito sanfona”, explica. O melhor a ser feito é buscar o equilíbrio no dia-a-dia. Em casos mais graves, como de obesidade, vale a pena procurar um especialista em nutrição.
Site : O Globo ciência
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