Texto baseado em Elisabeth Lukas: Prevenção Psicológica, 124-126. Tradução de Carlos Almeida – 04-08-2007 , Campina Grande/Pb
A m o r não é um meio para obter prazer e satisfazer uma necessidade pessoal, mas sim algo que supera de longe a satisfação de uma necessidade. Dizemos que é um “ato coexistencial”. Quando ama, a pessoa humana, como ser tridimensional (físico-psíquico-espiritual), pode apreender outra pessoa humana na mesma tríplice dimensão. De certa forma é um ato que liga uma existência a outra. Mas pode permanecer numa relação em duas, ou mesmo em apenas uma dimensão; nesse caso pode chegar a um contato físico e psíquico, mas não a um ato coexistencial.
A relação unidimensional consiste em um interesse meramente sexual no parceiro, despertado por sua atratividade corporal. Já um envolvimento bidimensional apresenta uma relação com a estrutura psíquica do parceiro, cujas qualidades, comportamentos e irradiação despertam a emocionalidade, ou a "paixão". Mas o parceiro, até aqui, ainda continua podendo ser trocado ou substituído por outro, que tenha qualidades ou comportamentos semelhantes. Só o amor verdadeiro penetra até o âmago da outra pessoa, toma consciência de seu núcleo essencial e inconfundível. É o espírito apreendendo o espírito.
A pessoa que ama assim já não está excitada em sua corporalidade, nem estimulada em sua emocionalidade, mas está tocada em sua profundidade espiritual: tocada pelo portador espiritual da corporalidade e do psiquismo do parceiro, por seu núcleo pessoal. Amor é então o estar voltado diretamente para a pessoa espiritual do amado, no que ela possui de único e irrepetível. Se ao que se envolveu sexualmente, ou ao apaixonado, agrada uma característica corporal ou uma propriedade psíquica no parceiro, portanto uma coisa que essa pessoa tem, aquele que ama não ama somente alguma coisa na pessoa amada, mas a própria pessoa; portanto, não algo que a pessoa amada tem, mas o que a pessoa é.
Não se pretende afirmar que não se possa vez por outra estar apaixonado, mas sim que, quando nunca se chega a uma relação mais profunda entre duas pessoas, está faltando na vida do homem uma grande área de realização. Isto significa, para a pessoa individual, que
• ou ela estacionou no estágio do interesse puramente sexual, o que limita seu campo de percepção e vivência ao instinto sexual e sua reação, ou
• que ela estacionou na veneração de um tipo anônimo de parceiro, e sempre de novo “deixa-se apanhar” por quem pertence a esse tipo.
Para as parcerias isto significa ainda que
• elas estão relativamente pouco expostas a crises quando cada parceiro encontra o outro no mesmo degrau do amor, e especialmente que a melhor situação é aquela em que o encontro se dá no degrau mais elevado do amor verdadeiro, mas que
• ocorrerão crises, principalmente relações infelizes ou irrealizadas, e bloqueios sexuais, quando os parceiros encontram um ao outro em degraus diferentes do amor.
As parcerias matrimoniais correm maior perigo quando alguém questiona que um parceiro de amor não pode ser trocado, ou que uma relação de amor tem que ser permanente. Para o verdadeiro amor, tal questionamento é inconcebível. Pois os estados corporais são passageiros, as atitudes de sentimento não permanecem, mas os atos espirituais sobrevivem de certa maneira a si próprios. O amor a outra pessoa, como se sabe, sobrevive até mesmo à morte desta pessoa.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
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