A palavra “monge” pode despertar em algumas pessoas idéia de decrepitude, de velharia, de pessoa muito distante da realidade de hoje. Não é o que acontece quando travamos conhecimento com o monge beneditino Anselm Grün, da Abadia de Münsterschwarzach na Alemanha. Nascido em 1945, Anselm Grün doutor em Teologia e formado também em Administração de Empresas, exerce hoje múltiplas atividades de aconselhamento, dirigindo cursos de meditação, interpretação de sonhos, contemplação, jejum etc. Juntamente com seus confrades, ocupa-se com as novas tendências na espiritualidade, buscando inspiração, por exemplo, na psicologia de Carl Gustav Jung, ou se aprofundando nas técnicas asiáticas de meditação.
O primeiro livro escrito por Anselm Grün, em 1976, tinha como título “Pureza de Coração”. Desde então vieram nada menos que uns 200 outros livros espirituais, o total já tendo ultrapassado 14 milhões de exemplares, com traduções para 28 línguas. Números que fazem dele um verdadeiro fenômeno literário, um dos autores espirituais mais lidos da atualidade. Segundo ele próprio informa, Anselm Grün dedica-se a escrever seus livros apenas às terças e quintas-feiras, das 6 às 8 da manhã. Chega a fazer em torno de 200 palestras por ano, e dirige cursos sobre uma grande variedade de temas: meditação, interpretação psicanalítica de sonhos, jejum e contemplação, além de temas administrativos.
É também o administrador financeiro da Abadia, com suas 20 firmas diferentes (Ginásio, Livraria, Editora, Hospedaria, Casa de Retiro...). Os livros de Anselm Grün são sempre escritos com muita clareza e simplicidade. Muitos deles baseiam-se na espiritualidade dos monges dos primeiros séculos do cristianismo, mostrando a consonância entre a espiritualidade “monástica” e os atuais conhecimentos psicológicos. Livros de Anselm Grün traduzidos para o português podem ser encontrados nas editoras Vozes (Petrópolis, RJ), Verus (Campinas, SP) e Paulinas (São Paulo, SP). É deste autor, também, que tenho até o momento o maior número de títulos traduzidos. São os seguintes:
1 – Cada Pessoa tem um Anjo (Vozes, 2000)
2 – Se Quiser Experimentar Deus (Vozes, 2001)
3 – A Proteção do Sagrado (Vozes, 2003)
4 – Convivendo com o Mal (Vozes, 2003)
5 – Oração e Autoconhecimento (Vozes, 2004)
6 – As Exigências do Silêncio (Vozes, 2004)
7 – Espiritualidade a Partir de Si Mesmo (Vozes, 2004)
8 – Orar e Trabalhar (Vozes, 2005)
9 – Dimensões da Fé (Vozes, 2005)
10 – Jesus e Suas Dimensões (Verus, 2006)
11 – As Chances do Fracasso (no prelo, título provisório).
Nesses livros você irá se deparar com temas como oração, fé, silêncio, trabalho, tempos e lugares sagrados, autoconhecimento... Parecem muito diferentes dos de Elisabeth Lukas, mas no fundo o objetivo desses dois autores é mostrar às pessoas o caminho para uma vida melhor. Se nos escritos de Elisabeth Lukas a palavra mais autorizada é de Viktor Frankl e outros representantes da psicologia, nos de Anselm Grün, como autor cristão, o critério supremo é a pessoa e a palavra de Jesus Cristo, transmitida e reforçada pelos autores do Novo Testamento e outros escritores cristãos. O que a bem orientada ciência de E. Lukas nos leva pouco a pouco a descobrir como orientação de vida, isto nos é transmitido pelo Evangelho como revelação de Deus. Partindo da psiquiatria, E. Lukas apresenta-nos mensagens que de forma surpreendente confirmam as lições evangélicas. Anselm Grün como que segue o caminho oposto: ele parte do Evangelho e dos autores monásticos, mostrando que podem ser muito atuais para quem vive nos dias de hoje.
No site de Anselm Grün na internet eu encontrei a seguinte mensagem:
O dom do Espírito Santo :
Sobre o Espírito Santo não se pode falar a não ser em imagens. As imagens abrem uma janela pela qual podemos perceber o mistério do Espírito. O Espírito não se deixa prender em conceitos. Jesus diz que veio para atear fogo a terra. E deseja que este fogo se acenda (Lc 12,49). O Espírito de Deus desce sobre os discípulos como línguas de fogo. Ele cria em nós uma nova língua de fogo, de onde salta uma faísca que une as pessoas no mais íntimo delas mesmas, que satisfaz seus mais íntimos desejos. O próprio Lucas falou essa língua, que toca os corações dos homens. E da linguagem de Jesus ele diz que o coração dos discípulos ardia quando Jesus falava.
O Espírito, portanto, torna possível que falemos como Jesus falava, de modo que o coração do outro se aqueça, ao perceber que estão sendo tocados seus mais profundos anseios. Assim nós rezamos para aprender esta nova língua, soltando faíscas que tocam os corações dos homens, abrindo-os uns para os outros e para Deus.
Carlos Almeida , Canpina Grabde/Pb