domingo, 12 de junho de 2011

Bebês têm aula de inglês antes mesmo de falar



Escolas de idiomas e berçários bilíngues oferecem 1º contato com a língua
Pais matriculam seus filhos já aos 4 meses; objetivo é aproveitar a facilidade dessa fase em identificar sons

ANTÔNIO GOIS E FABIANA REWALD - FOLHA DE SÃO PAULO

Alexandre, Pedro e Lucas encontram-se duas vezes por semana no curso de inglês. Nada demais, não fossem eles bebês entre 10 e 18 meses. Acompanhados dos pais, frequentam o curso Dice, na zona sul do Rio.
De olho em pesquisas de neurocientistas que apontam que o melhor momento para aprender uma segunda língua é na infância, cresce o número de berçários e cursos que oferecem aulas de inglês para bebês recém-nascidos.
Nos cursos especializados, as aulas costumam ser duas vezes por semana, por até R$ 400 mensais. Já nos berçários, em 30 minutos diários.
"Essas crianças não se tornarão bilíngues por causa de duas horas de aula por semana. Mas terão menos dificuldade para raciocinar em inglês, sem que o cérebro precise primeiro fazer a tradução", explica Eloísa Lima, diretora do Dice.
Estudos mostram que, no primeiro ano de vida, a criança tem a capacidade de identificar e discriminar sons com perfeição. Por isso, ao ter contato com a língua estrangeira nessa fase, terá mais facilidade para, no futuro, aprender o idioma sem sotaques.
"Essa capacidade vai terminando no final do primeiro ano porque ela tem que selecionar os fonemas da língua que vai falar", diz Elvira Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano.
Mônica Pinaud, procuradora da Fazenda, matriculou seu filho Alexandre no Dice após a boa experiência com a filha mais velha, de seis anos, que também começou as aulas de inglês precocemente.
"Ela é totalmente fluente em inglês, e está tendo muita facilidade também para aprender alemão", diz.
Para quem se surpreende com a precocidade, o que dizer então quando o contato com o idioma estrangeiro acontece durante a gravidez?
"Uma pesquisa recente [da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá] aponta que ouvir duas línguas durante a gravidez pode contribuir para o aprendizado de uma segunda língua", diz Antonieta Megale, membro do Grupo de Estudos sobre Educação Bilíngue da PUC-SP e coordenadora de inglês do Bialik (zona oeste de SP).

BRINCADEIRA
Para que o contato dos bebês com o inglês dê algum resultado, porém, a neurocientista e colunista da Folha Suzana Herculano-Houzel faz uma ressalva.
"Faz todo sentido a exposição a uma segunda língua desde cedo. Mas essa exposição tem que servir para alguma coisa, como brincar, e sobretudo tem que ser prazerosa", afirma.
Por isso, músicas, fantoche e brincadeiras estão sempre presentes na interação com as crianças.
É o que acontece nas escolas Equilibrium, em São Bernando do Campo (Grande São Paulo), e Wish Bilingual, na zona leste da capital, onde, a partir dos quatro meses, os bebês interagem com a língua estrangeira com músicas cantadas pelas educadoras.
Eloísa, do Dice, lembra também que os bebês não devem ser forçados a frequentar as aulas.
"Se a criança dormiu mal ou está com dor, não adianta trazer aqui."

3 comentários:

Anônimo disse...

Tenho um neto de dois anos,que é cidadão brasileiro e canadense.Os pais, que moraram dez anos no Canadá, estão agora definitivamente radicados aqui.
Vou pedidr ao meu filho para ler esta matéria, pois esclarece dúvidas que ele tem. Arlindo

Sérgio Almeida Franco disse...

Se há um campo de atividade que a criança dá um banho nos adultos é na capacidade de aprender. Segundo especialistas, ao falar as primeiras palavras, uma criança é capaz de aprender até quatro idiomas simultaneamente.
Acho que isso é pouco aproveitado. Não entendo o por quê.

Anônimo disse...

Em primeiro lugar creio que é porque não acreditam.
Se julgam uma verdade, talvez seja receio de "forçar" muito a criança e criar uma neurose, ou um excesso de tarefas para criança em tão tenra idade. Vamos saber onde está a causa de ser desperdiçada tão excelente oportunidade. Espero um pronunciamente de pessoas da AFA especialistas no assunto. Arlindo