Sociedade Brasileira de Otologia faz alerta para que aparelho seja usado com metade da potência total
CAIO JOBIM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SÃO PAULO
A disseminação dos tocadores de MP3, com seus indispensáveis fones de ouvido, pode estar prejudicando irreversivelmente o aparelho auditivo dos usuários. Sua utilização diária com intensidade acima do limite tolerável pelo ouvido humano contribui para a perda da audição, alerta Ektor Onishi, otorrinolaringologista e coordenador da Campanha Nacional da Saúde Auditiva, da Sociedade Brasileira de Otologia.Principais adeptos dos tocadores, os jovens são os mais vulneráveis aos perigos da má utilização dos aparelhos.
Com o volume do aparelho no máximo, a intensidade sonora de uma balada romântica ou de um rock pesado alcança 120 decibéis, próxima à de um estampido de uma arma de fogo (130).Segundo Onishi, o volume do tocador jamais deve ultrapassar o limite de 60 decibéis, ou seja, metade da potência total dos aparelhos.Em seu quarto ano, a campanha é direcionada a jovens como Marcela Romero Magalhães, 17, e Bia Dolinski, 14, que só largam os seus aparelhos para recarregá-los."Eu não fico sem música. Ando para cima e para baixo com isso", diz Marcela, mostrando seu iPod com 70% do volume total. Ela conta que já estourou um fone por exagerar na altura do som, mas não acredita em uma provável perda de audição. "A minha mãe acha que eu já estou surda, porque as vezes falo alto, mas eu acho que não."
A divulgação da campanha está sendo feita por meio de folders, cartazes e do site http://www.saudeauditiva.org.br/.Bia Dolinski diz ter interesse em conhecer a campanha, mas afirma que já usa o seu tocador com o volume "mais baixo possível" -80% do total durante a conversa com a reportagem- e que "acha que não vai mudar seus hábitos" depois de conhecer as informações.
Doença invisível
"A surdez é uma doença invisível, lentamente progressiva. Então, os jovens não se preocupam com a altura do som e usam os tocadores de MP3 indiscriminadamente. Você só vai conseguir identificar que tem um problema quando algum sintoma aparecer: dificuldade para conversar no telefone ou para entender o que as pessoas falam. Quando chegarem na faixa dos 40 anos, eles vão ter suas atividades sociais prejudicadas", afirma Onishi, ressaltando que as possíveis lesões no ouvido são permanentes e irreversíveis.
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