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Cantar melhora a capacidade pulmonar, fortalece os músculos da barriga e do rosto, aumenta a resistência física e, ainda, relaxa; solte a sua voz
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MANUELA MINNS
FOLHA DE SÃO PAULO
Cantar é divertido, quem não sabe. E é bem mais que isso: mexe com várias partes do corpo, faz bem à saúde.
Para começar, quem canta melhora a capacidade pulmonar e o sistema imunológico, fortalece a barriga e alivia o estresse.
O professor Graham Welch, especialista em Educação Musical da Universidade de Londres e pesquisador, diz que o canto ativa o corpo e a mente.
Cantar é uma atividade física, psicológica, social e musical. Diferentes sistemas modulares no cérebro são usados para lidar com as características musicais do canto, como o tom, o ritmo e as letras, e integrá-las.
"Há um entrelaçamento dos sistemas nervoso, endócrino e imunológico", diz ele.
O sistema nervoso é responsável pelo ato de cantar. Há também um envolvimento emocional com o som humano, desenvolvido na fase fetal, e um diálogo da pessoa com seu corpo, seu sistema respiratório e os espaços que oferecerá para essa voz soar.
"Cantar não é só da boca para fora. Todo instrumento tem espaço interno e externo de ressonância, inclusive o corpo. A voz preenche o corpo, a melodia e a letra que escolhemos", diz a fonoaudióloga Mônica Montenegro, professora da USP.
A neurologista Paula Viana Wackermann, que desenvolveu pesquisa pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto com cantores líricos, diz que a atividade induz a um estado de prazer.
O nível de cortisol (hormônio do estresse) fica reduzido, não importando se a pessoa é afinada ou não.
"A sensação de bem-estar é aumentada pelo efeito sociopsicológico de fazer música como parte de um grupo", completa Welch.
Mesmo quem canta sozinho, acompanhando um CD ou iPod, sente esses benefícios. O sentido de se envolver em uma atividade compartilhada permanece.
"Cansei de chegar triste ao karaokê e sair de lá muito bem", diz Jane Tapxure, 62 anos, dona de um pet shop.
Com o fim do casamento de 30 anos, ela passou dois anos deprimida, chorando no sofá. Até que uma amiga a chamou para cantar.
Jane, que é fã de música italiana e Frank Sinatra, conta que voltou a sair de casa e a se arrumar. No karaokê, ela formou um grupo de amigos de idades variadas, que se encontra toda semana, comemora aniversários e faz festas temáticas, como Halloween e até do pijama.
"É uma farra. Lá você não é julgado por ninguém."
IMUNIDADE
A cantoria ativa os sistemas cardiovascular e respiratório. O aumento da ventilação e da capacidade pulmonar melhora o condicionamento físico e mental.
Os músculos abdominais ficam fortalecidos e os faciais, tonificados. Estudos sugerem que cantores têm sistema de defesa melhor.
"Acredita-se que estados mentais positivos e de relaxamento induzidos pelo canto sejam responsáveis por um aumento na secreção da imunoglobulina A, responsável pela defesa contra infecções bacterianas ou virais das vias aéreas superiores", explica a neurologista Paula Viana Wackermann.
Mesmo quem não quer ou não está em condições de soltar o gogó pode se beneficiar da cantoria alheia.
"Estudos apontam que escutar músicas prazerosas está relacionado à liberação de serotonina, que é o neuropeptídio da alegria, do prazer", afirma a neurologista Paula Wackermann.
O ato de fazer o bem ao próximo por meio do canto é praticado pelos hindus há séculos. As sessões de "kirtan", que são vocalizações de mantras em grupo, com instrumentos, são vistas como um ato de doação.
MEDITAÇÃO
A professora de canto indiano Ratnabali Adhikari, natural de Calcutá, Índia, explica que entoar mantras é um tipo de meditação.
Os mantras têm uma sequência sonora e uma representação significativa.
Quando cantados repetidamente, é como se mandássemos sinais positivos para os neurônios que, por sua vez, levam essa mensagem para o corpo todo.
"O mantra ajuda a focar a mente e deixá-la em equilíbrio com o corpo."
"Ao cantar em grupo, as pessoas fazem bem a si mesmas e, espalhando essa harmonia pelo universo, beneficiam todos os outros seres", diz Ratnabali, que vive há 30 anos no Brasil.
A professora afirma que é preciso inspirar profundamente e, na expiração, entoar o mantra.
A coluna deve estar ereta para a energia vital, chamada de prana, fluir.
Entender o que se está cantando e pronunciar direito as palavras para não trocar seus significados é legal, ajuda a potencializar os benefícios dos mantras, segundo a professora indiana.
Mas não é preciso falar sânscrito nem entender a letra para tirar proveito de uma boa cantoria.
terça-feira, 19 de abril de 2011
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