Músico Johnny Alf morre aos 80 em SP

Pianista e compositor teve falência múltipla de órgãos; ele estava em tratamento devido a um câncer de próstata

Obra de Alf começou a ser descoberta no início dos anos 1950; entre seus clássicos estão "Eu e a Brisa" e "Rapaz de Bem"


Um dos pioneiros da bossa nova, o pianista, compositor e cantor Johnny Alf morreu às 18h10 de ontem, aos 80 anos.
Segundo boletim médico, ele teve falência múltipla de órgãos em decorrência de um câncer de próstata.

Nascido Alfredo José da Silva em Vila Isabel, na região norte do Rio de Janeiro, Alf era filho de uma empregada doméstica com um cabo do Exército.
Ele morava em Santo André desde 2007, época em que iniciou tratamento para o câncer.
Nesses quase três anos, Alf passou por alguns períodos de internação, nos quais se submetia a tratamentos de quimioterapia e radioterapia.
Johnny Alf começou a estudar piano aos nove anos. Com fortes influências do jazz e do cancioneiro americano (Nat King Cole, Cole Porter, George Gershwin), sua música passou a ser descoberta no início dos anos 1950, em apresentações em boates do Rio.
Ao passear entre o jazz, o samba e o samba-canção, ele ajudou a moldar a bossa nova. Nos seus shows, era comum a plateia contar com a presença de gente como Tom Jobim, João Gilberto e João Donato.
Alf é autor de clássicos como "Fim de Semana em Eldorado", "Rapaz de Bem", "O Que É Amar", "Eu e a Brisa".
Em uma entrevista à Folha publicada em janeiro do ano passado, o músico dizia estar "satisfeito, porque ainda sou bem conhecido e requisitado. Meus discos estão sendo relançados com sucesso. Estou no caminho que sempre desejei".
Nessa mesma entrevista, Alf afirmou que cresceu ouvindo rádio: "Fui determinado pela música de Custódio Mesquita, Ary Barroso, Caymmi. O jazz eu adquiri porque, quando era jovem, via aqueles filmes americanos, que me impregnaram bastante. Tive a ideia de juntar a música brasileira com o jazz".

Fonte: Folha de São Paulo

Há cerca de uns cinco anos convidei a cantora Rosa Passos, de passagem pela cidade, para assistir a um show de Johnny Alf, em uma prestigiada casa de show daqui de Salvador. Lá pelas tantas, Johnny Alf provocou Rosa para dar uma "canja". Ela reagiu um pouco, mas acabou cedendo diante da insistência da plateia. Eles ensaiaram um pouquinho durante alguns segundos ao lado do piano de cauda da casa. Alf ao piano e na voz e Rosa com sua voz impecável, que já fez show até no Carnigie Hall, de Nova Iorque, proporcionaram um dos show mais fantásticos que eu tive a oportunidade de assistir. Inicialmente, cantaram juntos "Caminhos Cruzados", do Tom Jobim, para em seguida cantarem "Eu e a Brisa", antológica e consagrada canção de Alf. Foi uma noite inesquecível.

Agora copiem o link abaixo para sua barra de endereços e escutem essa excelente interpretação de Caetano, com Jacques Morelembaum ao violoncelo, de "Eu e a Brisa", de Johnny Alf, uma das canções mais bonitas que já ouvi.

http://www.youtube.com/watch?v=d8qKc39Z_kY

Sérgio Almeida