Desenvolver capacidades e talentos próprios é uma forma de evitar o costume feminino de colocar todas as fichas no companheiro
Em uma mesma semana F.L., 40 anos, escritora, foi “abandonada” pelo noivo e disse que nunca mais escreveria na vida. Suicidou-se do Orkut, do Facebook e do Twitter e parou de redigir seu livro. T.M., 27 anos, advogada, saiu oito vezes com um rapaz que não quis nada “sério” com ela, mas confessou que estava desesperada e se arrastando pelo sujeito. P.N., 30 anos, funcionária pública, após namorar por três meses e ganhar um "cartão vermelho" da criatura, revelou o quanto estava triste e sem ânimo para nada. Pensamento: a bruxa estaria solta nesta semana? Resposta: não! O que acontece é que estas mulheres colocam todas as fichas nos seus companheiros. Mas por que ainda continuamos fazendo isto em pleno século 21?
Para Luiza Ricotta, psicóloga e autora do livro “O Vínculo Amoroso - A trajetória da vida afetiva”, esta é a era dos opostos. “Eu escuto mulheres de um lado dizendo que não precisam de um homem para nada e, do outro, mulheres que não vivem sem a referência de uma figura masculina em suas vidas e que perdem suas identidades ao lado deles. Está mais do que na hora de se buscar um equilíbrio entre estes dois exageros”, afirma.
Para entender melhor o que acontece, entrevistamos a psicanalista carioca Regina Navarro Lins, autora de dez livros sobre relacionamento amoroso, entre eles “A Cama na Varanda” (Editora Best Seller):
Algumas dicas podem ajudar
1Construa sua vida pessoal e que seja inabalável mesmo que você comece a namorar alguém formidável. Não abra mão dela (amigos, hobbies, família, seus bichos etc.) por nada. Nadaaaaaaaaa! Certamente, esta pessoa vai te amar mais dessa forma.
2Gaste a maior parte do tempo que sobra em autoconhecimento. Esse é um dos grandes pilares da autoestima e a chave da vida ("Conhece-te a ti mesmo").
3Quem gosta de fichas num lugar só é roleta. Amplie seus horizontes. Lembre-se: seu homem tem de ser um planeta do seu universo e não o centro!
Por que muitas mulheres ainda colocam o homem no centro do universo?
Regina Navarro Lins - A menina na nossa cultura aprende desde cedo a ser dependente do homem. Além dos contos de fadas - que passam a péssima mensagem de que as mulheres só podem melhorar de vida por meio da relação com um homem - todos os meios de comunicação, família e escola colaboram para isso. As meninas aprendem a ter fantasias de salvamento, em vez de desenvolver suas próprias capacidades e talentos. Muitas mulheres ainda acreditam que precisam ter um homem ao lado para serem valorizadas. É claro que cada vez mais encontramos mulheres que se libertaram disso e olham com novos olhos para o mundo, o amor, o homem, a mulher, sem estar presa aos condicionamentos que tanto limitam as pessoas.
É por causa desta centralização que existe tanto sofrimento nas separações?
Muitas mulheres acreditam que são frágeis, desamparadas, incapacitadas de gerir a própria vida. Ter um homem ao lado passa a ser fundamental. A condição essencial para ficar bem sozinho é o exercício da autonomia pessoal. Isso significa, além de alcançar nova visão do amor e do sexo, libertar-se da dependência amorosa exclusiva e “salvadora” de alguém. É com o desenvolvimento individual que se processa a mudança interna necessária para a percepção das próprias singularidades e do prazer de estar só. E assim fica para trás a ideia básica de fusão do amor romântico, que transforma os dois numa só pessoa. E quando se perde o medo de ser sozinho, percebe-se que isso não significa necessariamente solidão.
Como elas podem mudar este padrão?
Refletindo sobre os valores aprendidos, para se libertar do moralismo e dos preconceitos. O novo assusta, o desconhecido gera insegurança, mas para viver bem é preciso ter coragem.
OPINIÃO DAS BLOGUEIRAS
”Depositamos todas as nossas expectativas e esperanças nas relações. E quando elas não se concretizam (afinal, nem sempre é possível realizá-las) nos frustramos e nos decepcionamos muito com a pessoa amada. Acredito que seja uma carga muito grande para qualquer ser humano a de se tornar responsável pela felicidade alheia. Nós mal conseguimos garantir a nossa felicidade e esperamos que o outro nos faça felizes. Será que não somos muito exigentes em nossas relações? Será que nossas expectativas não são altas demais? Será que o nosso parceiro compartilha destas expectativas também?”
Dolly, do blog im-perfect-woman.blogspot.com
”Depois de ter me transformado em um pano de chão, levei um pé na bunda depois de 18 anos de casamento, da forma mais clichê possível. Minha válvula de escape foi criar um blog, que logo depois virou um livro – “Diário de Bordo”. Hoje meu blog tem uma cara muito diferente da que tinha no começo. Escrever foi o começo do recomeço”.
Pat Rocha, do blog rochacouto.blogspot.com
Fonte: Site Estilo/UOL
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