segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ao alcance de um clique



Circular pela internet pode ser tão perigoso quanto passear à noite por certas quebradas do Rio ou de São Paulo. As chances de assalto, estupro, sequestro, contaminação por vírus e até morte são parecidas. E todas essas modalidades de desespero estão ao alcance de um clique.
Uma armadilha recente é a mensagem, em nome de alguma instituição, oferecendo "patrocínio para o seu projeto". Como no Brasil, hoje, todo mundo tem um "projeto" encalhado, as chances de um otário pagar para ver são inúmeras. E, com isso, é mais um computador infeccionado na praça.
"Seu depósito já está feito -clique abaixo para conferir", informa um anônimo "diretor de contabilidade" de uma empresa idem. Alguém resiste à ideia de um insuspeitado dinheiro entrando na conta, mesmo que você nem trabalhe com aquele banco? Ou "Sua passagem foi emitida -confirme seus dados", numa tela com o timbre oficial de uma conhecida empresa de aviação. Ou "Atualizamos seu cadastro na Caixa Econômica", com as armas e os brasões da própria -quem vai duvidar?
"Olhe nós dois naquela noite...", promete alguém, mandando fotos. Na nossa cabeça, há sempre a memória de uma longa noite de loucuras que, na verdade, não aconteceu, mas quem sabe?... Já um trote cruel é "Não tive coragem de te falar, mas veja as fotos". Você está sendo alertado para alguma infidelidade do seu cônjuge. E, mesmo que seja solteiro, viúvo ou sem namorada, sua curiosidade pode ser letal.
Morder a isca em qualquer dessas situações significa ter o seu HD estuprado, seus dados bancários roubados, o cartão de crédito exposto e até um importante arquivo sequestrado, pelo qual você terá de pagar resgate. Enfim, tudo para lhe estragar a vida. Sair pela noite é mais seguro. Mais divertido também.


RUY CASTRO - RIO DE JANEIRO

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