domingo, 3 de maio de 2009

Morre Augusto Boal, o criador do teatro do oprimido



Ele era o "Meu Caro Amigo". Saiba por que, lendo até o final.



Morreu na madrugada desse sábado aos 78 anos o diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta Augusto Boal. Expoente do Teatro de Arena de São Paulo (1956 a 1970) e fundador do Teatro do Oprimido (inspirado nas propostas do educador Paulo Freire), ele sofria de leucemia e estava internado na CTI do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.
No final de março, ainda teve forças para marcar presença um uma conferência da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Paris, onde recebeu o título de Embaixador Mundial do Teatro. O corpo do dramaturgo será cremado por volta do meio-dia deste domingo, no cemitério do Caju.


Saiba mais sobre Boal, clicando abaixo


http://oglobo.globo.com/pais/noblat/


Fonte - Blog do Noblat



Meu Caro Amigo

http://www.youtube.com/watch?v=WPEPj3wpSb0

Clique e ouça, acompanhando a letra genial e cheia de metáforas que somente o Chico seria capaz de criar.


Chico Buarque
Composição: Chico Buarque / Francis Hime


Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta


Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol


Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta


A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal

Adeus

A canção acima foi composta em 1976 por Francis Hime e Chico Buarque como se ele, Chico, estivesse escrevendo ao seu amigo Augusto Boal, na época exilado na Europa. Na letra, Chico conta os tempos difíceis que eram vividos aqui durante "Os anos de Chumbo" no regime militar.

Sérgio Almeida Franco, Salvador-Ba

Nenhum comentário: